quinta-feira, 9 de maio de 2013

"CAUSOS" E HISTÓRIAS CONTADAS EM MESAS DE BAR (AVENTURA NA TERMAS)



Um amigo  me contou que certa vez, lá na Prado Júnior, esteve com um amigo numa termas, dessas onde as pessoas se despem, mas a última coisa que fazem é (quando fazem) tomar um bom banho.  Estava duro feito um coco, mas o sujeito que o acompanhava estava prevenido, pronto para gastar, e aí meu conhecido depositou nele toda a confiança.
Deste modo, ambos consumiram todas as bebidas, deitaram-se com mulheres, satisfizeram seus desejos, e um monte daquelas moças  ficou todo o tempo pedindo que lhes pagassem uísques e foram plenamente atendidas pelo que tinha dinheiro.
A certa altura da noite, duas garotas muito bonitas e vistosas se aproximaram, sentaram-se à mesa dos amigos e, dizendo-se modelos e apenas observadoras das noites cariocas, ficaram com eles  a conversar.  O que podia gastar, fascinado por elas, começou a mandar descer vinhos, castanha de caju e continuou a pagar bebidas a quem lhe pedisse.  Não adiantava o meu amigo preveni-lo de que tudo aquilo não acabaria bem, porque o homem tava porque tava encantado pelas duas.
Lá pelas três e tanto da manhã, as duas se afastaram e sumiram.  Bêbados e cansados, os dois resolveram ir embora e foi pedida a conta.  Aí aconteceu o grande problema: era uma conta as-tro-nô-mi-ca!  Dava para sustentar uma família de quatro pessoas por um mês inteiro ou mais.  Ao recebê-la, o provido de verba bradou logo, em sua língua embolada de bêbado:
- Não pago!
- Por que? - o garçom perguntou.
- Vamos conferir! - o outro exigiu.
Passou-se à conferência:
- X  uísques.
- Certo.
- X porções de castanha-de-caju.
- Certo.
- As mulheres.
- Certo!
- As acomodações.
- Certo.
- X "camisinhas".
- Certo.
- Então? 
- Não pago!
O garçom:
- Vamos conferir novamente.
- Certo!
- X isso.
- Certo.
 - X aquilo.
- Certo.
- X aquilo outro.
- Certo.
- E agora?
- Não pago!
Os dois estavam bêbados, mas muito bêbados, e o amigo de bolsos vazios contou que ficou curado do porre instantaneamente quando viu repetir-se o  impasse. Começou a se imaginar com a foto e o nome nos jornais do dia seguinte, com os hematomas e edemas de praxe deixados no rosto pela segurança do estabelecimento, para depois ter de enfrentar uma ação de divórcio.  Assim, desesperado, ficava tentando aconselhá-lo:
- Vamos fazer o seguinte: você  paga e a gente não volta mais aqui.
Conferiram tudo de novo: X isso, X aquilo, X aquilo outro, tudo certinho,  novamente "não pago(!)".
Até que o funcionário da casa desistiu de cobrar, chamou o gerente, que conferiu tudo pacientemente, e, após um último "não pago", recebeu o que era devido.
Meu amigo disse que nunca foi tão religioso e nunca rezou tanto num lugar de tanto pecado.  

Barão da Mata

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