Não há nada que a Globo mais odeie do que uma atmosfera democrática. Falo atmosfera democrática porque não creio que em país nenhum do mundo "o poder emane do povo e em nome dele seja exercido". Para atestar a verdade do que digo, mande mesmo o povo suíço colocar os maiores interesses e o poder dos mandatários em xeque. Para que tudo fique aliás bem claro, NÃO CREIO EM DEMOCRACIA NO SENTIDO DE NÃO GOSTAR OU ACHAR QUE NÃO SEJA BOA, MAS NO DE SABER QUE OS GOVERNOS DO MUNDO INTEIRO NÃO TÊM A DISPOSIÇÃO DE MANTÊ-LA QUANDO ELA COLOCA SOB RISCO OS PONTOS DE QUE ELES NÃO ABREM MÃO. E você sabe perfeitamente que isto é a pura verdade, porque, quando por exemplo alguns governos europeus resolveram apoiar o bestial e demoníaco George W.Bush na empreitada de invadir o Iraque, e parte de seus cidadãos (europeus) fizeram manifestções contrárias, os jagunços fardados do poder (militares e policiais), desceram a porrada no lombo dos manifestantes, sem a menor contemplação.
Se assim é na Europa, imagine no Brasil, onde o revezamento entre democracia e tirania é cíclico. Se você duvida, é só pesquisar e ver que Getúlio Vargas fez a Revolução de 1930, governou respeitando direitos civis durante sete anos e criou a seguir o despótico e pavoroso Estado Novo, caindo em 1945 para o país experimentar um período de liberdade de 19 anos. Mas liberdade relativa, com duas intervenções militares: a que tentava impedir a posse de Juscelino Kubitscheck em 1956 e a que tirou os poderes de João Goulart em 1961. Até, após Jango obter poder de governar após plebiscito, acontecer o golpe de 1964 e os poderosos do país, latinoamericanos como os de Cuba, Colômbia e Haiti, mostrarem sua feição autoritária e tratarem a sociedade na ponta da faca durante 20 anos, quando permitem a eleição de um civil, Tancredo Neves, dentro das regras estabelecidas pelas forças armadas.
Como podemos constatar, o Brasil alterna períodos de quase-democracia com regimes totalitários, e, assim como Assis Chateaubriant e o seu "Diários Associados", que apoiou o Estado Novo de Vargas e ajudou Carlos Lacerda a levá-lo ao suicídio quando o mandatário governava dentro do estado de direito ( e só apoiou Lacerda porque viu que o presidente já estava politicamente morto), assim como Assis Chateaubriant, a Globo parece que tem uma simpatia desmedida pelos regimes capitalistas opressores, e isto é fácil entender: dá-se justamente porque são (os regimes) capitalistas (e rechaçam o mais leve pensamento progressista) e mantêm incólume todo o patrimônio e fortuna da famíla global. Além do mais, a Globo está para os governos asssim como a Igreja ao longo da Antiguidade à Idade Moderna para o reis: "Eu legitimo o teu poder te dizendo governo de Deus, e tu me manténs poderoso como tu." POR FAVOR, CATÓLICOS! NÃO CREIO EM DEUS, MAS NÃO ESTOU ATACANDO A IGREJA DE HOJE! Mas só este conchavo explica os anos de adulação das emissoras e jornais da rede a todos os presidentes que o Brasil teve, enquanto, é lógico, estes não caíram em desgraça, como Collor, eleito por aquelas entidades e por elas mesmas abandonado e de um certo modo até combatido em sua derrocada política de 1992. Ou seja, a Globo o elegou e depois engrossou o coro de quem o queria ver pelas costas, por conta de sua gestão haver feito água: do contrário, tê-lo-ia apoiado.
Se há alguma dúvida da veracidade das coisas que eu disse, vamos fazer um breve exame da questão: por que os globais, em 2002, tentaram conter o crescimento da candidatura Lula, a ponto de o ex-presidente (ex mesmo?), na série de entrevistas aos presidenciáveis promovida pelo canal de tevê, ter recebido de William Bonner a pergunta-disparo: "O senhor é membro das FARC?". Depois do raquítico apoio do governo FH ao correligionário José Serra e de sentir o rumo dos ventos levando Lula à vitória, mudou imediatamente o tratamento e, depois de se convencer de que o amado (não por mim) ex-futuro-atual-presidente faria um governo tão socialista quanto o pensamento de Roberto Campos e Delfim Neto, passou a apoiá-lo sitematicamente, havendo se colocaddo entre os opositores do PT quando, nas eleições presidenciais de 2010, a candidatura de Dilma caiu a ponto de permitir a ida de Serra ao segundo turno, estampar na primeira página do "Extra": "Lula é bonito". Num claro deboche às reclamações do nosso "herói", que se queixava de que as organizações faziam campanha contra ele e sua pupila. Mal-sucedida em derrubar a candidata do PT, o sistema de comunicação resolveu encher a presidente de beijos e abraços, e assim faz até hoje. Hoje mesmo, dia 7 de setembro de 2013, quando, noticiando os distúrbios entre manifestantes e a polícia durante os desfiles miilitares, o repórter do globocop disse que alguns manifestantes, quando fugiam às porradas e bombas de gás lacrimogêneo da refinada tropa de choque da PM do democrático e popular Sérgio Cabral, "aproximaram-se dos que assistam à parada, numa atitude covarde e que submetia a platéia a riscos". "Atitude covarde", veja só! Nunca ouviu acaso o nosso nobre repórter falar em instinto de preservação, autodefesa, essas coisas fictícias a que a Psicologia insiste em fazer referências?
O restante da mídia realmente não é um poço de virtudes, mas a Globo exagera, não gosta definitivamente de clima democrático e nem tampouco da verdadeira informação, porque faz questão de ser uma luz distorcida na escuridão, com o fito de conduzir o país ao encontro dos seus interesses e conveniências. Daí precisar desgastar a imagem dos manifestantes, transformá-los em arruceiros e confundi-los com os vândalos, os delinquentes e os provocadores. Porque faz-se mister, para ela, que o poder público tome medidas duras, que abafe a democracia, que apague o que há de pensamento, de visão, de oposição a tudo o que os globais preservam. Não quer o desgaste de Dilma, porque ela mantém o status quo que a favorece (à Globo), e necessita de que a presidente rescrudesça, para ajudá-los nessa empresa de nutrir a versão contemporânea do antigo conluio Igreja-Estado.
Barão da Mata
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