Aquela mulher magricela,
Que não é nem feia nem bela,
Traz uma história consigo
De arrepiar, meu amigo!
Mulher de muitos amantes,
De ardor singular, flamejante,
Segundo comentam parceiros
Que foram-lhe só passageiros.
Um dia um homem sereno,
Casado, de filhos pequenos,
Por capricho, mera aventura,
Envolveu-se co'a tal criatura.
Problema maior disto tudo:
Um dia se viu ele mudo,
Cego, surdo de amor por ela,
Que, vê, não é feia nem bela.
Deixou esposa e crianças,
Matou toda viva esperança,
À casa deu cor de saudade,
Pintou de infelicidade.
A pobre a esconder pelos cantos,
A doida convulsão do pranto,
Crianças quedadas de espanto,
Tristonhas, sem ter acalanto.
Pra que você bem me entenda,
Ficou a família sem renda.
Não queira meu Deus que eu minta:
Tornou-se família faminta.
Uns poucos anos passaram,
E as coisas então se mostraram:
Vivia o rapaz aos lamentos:
Não lhe tinha a mulher sentimentos.
Foi ele mais ainda ferido:
Um dia descobriu-se traído.
Deixou-a, atingido nos brios,
A alma em dor, calafrios.
Procurou a cônjuge antiga:
Queria uma amante, uma amiga.
Mas não tinha-lhe a ex mais afeto:
Agora o achava abjeto.
A moça até se casara,
A outro se afeiçoara.
E os filhos ao homem chegado
Já tinham até se apegado.
Vê quanta tristeza causada
Por capricho da desalmada,
Aquela mulher magricela,
Que não é nem feia nem bela?
Barão da Mata
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