quarta-feira, 31 de julho de 2013

RAUL SEIXAS, O ROQUEIRO MAIOR DO BRASIL

Confessso que o rock não é o meu ritmo predileto, mas nada tenho contra o gênero: a questão é que sempre ouvi MPB, acho que aprendi a fazer poesia mais com os compositores da MPB do que com os poetas consagrados do Brasil.  Sempre fui apaixonado pela cultura nacional com seu folclore, suas lendas, suas músicas regionais (fora, como diz Rita Lee, o "sertanojo"!), seus instrumentos puros e rústivos, como o violão, o atabaque, o atabaque, os tambores, e os estilos como as toadas, os sambas, os verdadeiros sertanejos, com temas do interior do Brasil.  Claro que incorporei ao meu gosto o piano, a flauta, os metais, o sax, o violino, etc...  O rock realmente nunca foi o meu preferido, mas rendo-me sempre ao bom e belo canto, como o de Freddye Mercury e de outros artistas internacionais que cantam lindamente, como Whitney Houston, Sarah Brightman, Andrea Bochelli e outros miraculosos.  E foi neste contexto que me rendi ao trabalho e às interpretações de Raul Seixas.  
Não era uma grande voz, todos sabem, mas, como roqueiro, foi a meu ver o mais expressivo do país.  Primeiramente pelas mensagens que trazia em suas letras, onde desancava a figura do pequeno-burguês ("É Fim do Mês", "Outo de Tolo", "Dia da Saudade", outras), depreciando, como todo bom pensador, os valores que a classe média (e também a alta) tem na conta dos de suma importância.  Em "Super-Heróis" faz piada de o povo lambuzar-se com o que a mídia lhe empurrava goela abaixo, que era Pelé, Mequinho, seleção brasileira e outras coisas de importância menor que eram colocadas como o suprassumo do interesse nacional. Ao mesmo tempo, gravou músicas belíssimas, como "O Trem das Sete", com lindo arranjo e cunho místico, "Tente Outra Vez", com mensagem de renascimento após cada queda, "Água Viva", ainda na linha esotérica; em cantar o achincalhe um bolero brega em "Sessão das Dez".  E "Raul Seixas na cidade de Thor" ensaia ritmos diferentes, em "Mosca da Sopa" alterna rock com ritmos nacionais e africanos.
Irônico, irreverente, cômico,  louco, genial, rebelde (mas rebelde com causa - ou muitas causas), bradava, dançava (não ficava a rodar a cabeça como roqueiro sem letra e sem assunto), incomodava: era um cantor intenso, não uma grande voz, mas um intérprete intenso, que sentia e acreditava no que cantava.  Foi o roqueiro de repertório mais rico surgido na música brasileira, merece portanto o rótulo de roqueiro maior do Brasil.

Barão da Mata

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