segunda-feira, 15 de julho de 2013

O LEGADO DO POVO NA RUA


As manifestações populares demonstram, ao menos neste momento, algum arrefecimento. Será que já é hora de refletir sobre o significado dessa transformação na postura da nossa população, que até então via praticamente catatônica o bundalelê que os governantes fizeram com a sociedade brasileira?

Na verdade, não enxergo em um pensador de birosca, autoridade absoluta e inquestionável para decretar os orgulhos e vergonhas deste movimento que nos deu de presente aquele show de mobilização, orgulho da pátria, e por que não, esperança.

Mas como nós filósofos de boteco, nunca precisamos de atestado para meter nosso bedelho, permito-me esta breve avaliação, que em verdade, só faço, por respeito aos milhares, ou milhões que deixaram sua zona de conforto (desconforto, né?) para resgatar a dignidade de um país gigante.

Ocorre que passada a surpresa e o desamparo dos primeiros dias (momentos inesquecíveis,) a nossa trupe de políticos, parece que já retomou o bom e velho espírito oportunista para tentar tirar vantagem do clamor popular. E toda vilania está travestida de uma palavra muito bonitinha: "Investimento".

- Mais investimentos! - É a frase de ordem!

Mais investimento na saúde, na educação, para melhorar o transporte. Caro seguidor, isto é como música para os ouvidos do corrupto. Três bilhões de reais liberados para as prefeituras, assim, rapidinho. Ora bolas, é uma chance rara, como diz a nova canção.

Infelizmente, é assim. O grito das multidões virou alimento para a fome de dinheiro público que acomete a nossa criativa classe política. Será este o legado do povo na rua?

É preciso admitir. Fora o circo de factoides criados pela Presidente da República (plebiscito, reforma política, combate à corrupção), ficaram de concreto a derrubada da PEC 37 e o cancelamento dos aumentos de tarifa dos transportes públicos. Mas acredite, isso é pouco, mas também é muito. O caminho é este. Ninguém tem que guardar a máscara e voltar pra casa. Por outro lado, é preciso estar sempre atento.

Enfim, ainda fico com aquele primeiro momento, aquele sentimento, aquele prazer de ver perdidas as nossas raposas. Já valeu a pena.

E vocês, artistas pop, que de repente, imbuídos de espírito político, resolveram compor hinos para  embalar o movimento, com apoio de rádio e canal de TV.... Péssimas vendas para vocês!

Leônidas Falcão









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