"MANINHA" é uma entre as inúmeras canções-protesto de Chico Buarque e joga o foco sobre a transfiguração do cenário nacional com ao advento da ditatura militar, numa linguagem metafórica de um poema extremamente bonito, musicado num belo arranjo e interpretado pelos irmãos Chico e Miúcha de um modo expressivo e tocante.
O mesmo Chico Buarque, que tanto se bateu contra o regime dos generais, deveria hoje preparar uma regravação deste sucesso, porque a meu ver estamos na iminência de um novo período autoritário. Já até vivemos fora de um clima com ares de democracia (porque democracia de verdade o Brasil nunca viu), e isto ficou patente com a decisão do STF sobre os mensaleiros, além de com a ausência de mudança no âmbito da saúde, da educação, da segurança, da educação, do emprego, pontos tão ardente e insistentemente reivindicados nas manifestações de ruas; mas ignorados pelas autoridades, que colocaram seus jagunços no meio das multidões com a resposta do Estado: espancamento.
Só me faço, neste contexto, duas perguntas: se o PT, numa reviravolta surpreendente, imprevista e praticamente impossível, perder as próximas eleições presidenciais, vai aceitar o resultado ou manter nas mãos o poder à força, passando a governar dentro do despotismo esclarecido. E Chico Buarque? Se o golpe acontecer, por derrota eleitoral ou por intolerância aos protestos, continuará apoiando Lula, Dilma e o PT? Por que motivo? Simpatia pessoal por tais celebridades políticas, parlamentares e militantes do partido? Não acho justo nem válido, porque sempre gostei de um modo pessoal do ex-governador Leonel Brizola até a sua morte, pelo seu passado de fibra e coragem, mas deixei de lhe dar o voto e o insignificane apoio de anônimo desde 1990, quando o gaúcho se aproximou do Collor (sem,entretanto, vale dizer, vender-lhe a bancada do PDT no Congresso). Da mesma maneira como agora exalto a obra e a genialidade do cantor e compositor sem todavia louvar a sua pessoa, que vejo com olhos bem diversos dos com que vejo sua criação, limitando-me a admirar-lhe o talento, não a pessoa.
Barão da Mata
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