PENSADORES: Qual é o gênero musical que mais te agrada?
ROSINHA: Ah, eu gosto de "funk", pagode, axé, sertanejo....! ai, mas como eu gosto de música!
PENSADORES: Mas não dava pra gostar assim da Bethânia, Mílton, Elis, ZéRamalho...?
ROSINHA: Ah, não! Troço chato! Eu gosto de M-Ú-S-I-C-A(!), entendeu? M-Ú-S-I-C-A!
PENSADORES: Em quem você votou em 2010 ?
ROSINHA: Em quem podia ser? Na Dilma! Eu adoro ela! Como eu gosto do PT!
PENSADORES: Mesmo? Só por causa do bolsa-família?
ROSINHA: Também.
PENSADORES: Também? Mas o bolsa-família é esmola, uma enganação do governo pra não investir no preparo do cidadão. Ou seja, ele dá o peixe, mas não ensina a pescar. Ele dá o bolsa mas não investe em saúde, educação, emprego, etc...
ROSINHA: Vocês me desculpem, meus queridos, mas estão falando bobagem.
PENSADORES: Bobagem?
ROSINHA: Ah, é sim, tão falando bobagem, porque a imprensa diz que o bolsa-família é bom, e se a imprensa diz é porque é. Só vocês dizem o contrário.
PENSADORES: Dizem por aí que você namora muito. É verdade?
ROSINHA: Ah, isso é invenção do Breno Esterco, porque eu dei uns beijinhos nele quando nos conhecemos, enquanto o Jean, meu namorado tava indo ao banheiro do Via Olimpo 2000 Show, e logo depois encontrei um vizinho que me deu uns apertões. Não sou dessas que ficam por aí se dando pra qualquer um, não. Só tenho o meu namorado... quer dizer! Ele é o de fé, né? Tem na minha rua o Mauricinho, que de vez em quando dá uma saída comigo e morre de raiva do Tiaguinho, que às vezes me leva pra dormir na casa dele, e aí a gente se diverte. Mas não é nada sério: só umas transadinhas, e transadinha não tira pedaço, e o meu primo Almir sempre diz isso quando a gente faz um amorzinho gostoso... Mas eu gosto mesmo é do meu namorado, o Raí!
PENSADORES: Raí!!!! Mas o seu namorado não é Jean???
ROSINHA: É mesmo, desculpa! Raí é o meu colega de trabalho, que dá uma saidinha comigo toda quarta-feira e me deixa maluquinha.
PENSADORES: Rosinha, pra administrar essa coisa de driblar um aqui e outro ali você precisa ser esperta e de um certo modo até maquiavélica... Você lá leu "O Príncipe"?
ROSINHA: Ah, "O Pequeno Príncipe"! Eu adorei! Mas o que tem a ver...?
PENSADORES: Não Rosinha, esquece! Deixa pra lá, esquece! Olhe, você nos desculpe, mas você leva uma certa fama de burrinha. O que acha disto?
ROSINHA: Ah, isso é coisa do Breno. Ele fala isso só pra me maltratar. Mas, quanto mais ele me maltrata, mais eu gosto dele.
PENSADORES: Do Esterco???!!!!!!!!! Você consegue gostar logo do Esterco??!!
ROSINHA: Ah, eu adoro ele! Um dia ele me deu uma prova de amor. Matou um beija-flor com uma pedrada e mandou empalhar pra mim. Não é pra ficar comovida?
Nem tivemos coragem de responder.
PENSADORES: Rosinha, qual o tipo de filme que você vê?
ROSINHA: Ah, eu gosto do Van Dame, Steven Seagal... ai, aqueles músculos!
PENSADORES: Mas o Seagal não é musculoso e ainda tá com um barrigão imenso. Como é que pode um cara com aquele barrigão e aquelas calças justas daquele jeito ter tanta mobilidade pra bater em tanta gente ao mesmo tempo?
ROSINHA: Ah, não sei, mas só sei que ele é dez!
PENSADORES: Qual é o seu livro de cabeceira?
ROSINHA: "Como Conquistar Os Homens". O do Breno é "Como Vencer na Vida Sem Fazer Força". Mas fora esse, ele lê muitos outros: "Judô Sem Mestre", "Jiu-Jitsu Sem Mestre", "Karatê Sem Mestre", " A Arte do Kung-Fu"...
PENSADORES: Mas, Rosinha, estamos falando de você.
ROSINHA: Ai, que bom! Adoro quando falam em mim! Falem mais. Vocês me acham gostosinha? Vocês me acham bonitinha? Sabiam que na minha rua as meninas morrem de inveja de mim, só porque eu tô sempre dando uma experimentadinha nos namorados delas? Mas não são transadas sérias, amo mesmo é o meu namorado, o Marcos!
PENSADORES: Jean, Rosinha! O nome dele é Jean!
ROSINHA: Ah, é! Troquei o nome dele pelo do marido da minha prima, que eu sempre encontro quando mato aula, e aí a gente...
PENSADORES: Não precisa dizer, Rosinha: a gente já sabe. Muito obrigado pela entrevista.
ROSINHA: Ai, eu que agradeço. Beijinhos pra vocês todos, tá?
Barão e Leônidas
domingo, 31 de março de 2013
ENTREVISTA COM BRENO ESTERCO, O REPULSIVO
Foi um jogo de empurra danado. Ninguém queria entrevistar o nauseabundo do Breno Esterco. Também quem poderia tolerar um sujeito que vive fazendo direção perigosa, cavalos-de-pau, contramão,atropelando animais e pessoas, avançando sinais e colocando vidas em risco? Como se não bastasse ser um violento do trânsito, Esterco ainda é brigão, provoca situações de briga só pra testar seus potenciais como lutador. É definitivamente uma pessoa asquerosa e detestável. Mas acabamos fazendo um sacrifício, e fomos todos juntos.
PENSADORES: Você não se sente mal em dirigir sem nenhuma cautela e colocando vidas alheias em risco?
ESTERCO: Quer saber, parceiro: é assim que eu gosto de dirigir e tá acabado! Agora, se quer saber se me sinto mal, é muito pelo contrário: dá a maior adrenalina! De vez em quando eu levanto um e meto o pé, me mando mesmo! Aqui no Brasil crime de trânsito não dá em nada mesmo; graças a Deus as autoridades são compreensivas.
PENSADORES: Não acreditamos no que estamos ouvindo.
ESTERCO: Por quê? Querem partir prá porrada? Encaro todos vocês juntos. Venham cá, venham! Cheguem junto!
PENSADORES: Ninguém aqui quer brigar, Breno. Por que você é tão violento?
ESTERCO, cínico em seu riso: É que dá a maior adrenalina...! Pô! Maior emoção! Adoro dar porrada! Principalmente em mulher, que apanha pra cacete e não consegue nem escapar. Porra, cara! É bom demais!Melhor do que isso só quando dei uma surra no meu pai: o velho implorou pra "mim" parar.
Diante das palavras de Esterco não conseguimos continuar. Demos as costas e fomos pra outro lugar, enquanto ele nos xingava de tudo quanto é nome.
Mas o que mais nos revolta é que há incontáveis brenos estercos por este Brasil: todo violento do trânsito tem o perfil igualzinho ao seu.
Barão da Mata e Leônidas Falcão
PENSADORES: Você não se sente mal em dirigir sem nenhuma cautela e colocando vidas alheias em risco?
ESTERCO: Quer saber, parceiro: é assim que eu gosto de dirigir e tá acabado! Agora, se quer saber se me sinto mal, é muito pelo contrário: dá a maior adrenalina! De vez em quando eu levanto um e meto o pé, me mando mesmo! Aqui no Brasil crime de trânsito não dá em nada mesmo; graças a Deus as autoridades são compreensivas.
PENSADORES: Não acreditamos no que estamos ouvindo.
ESTERCO: Por quê? Querem partir prá porrada? Encaro todos vocês juntos. Venham cá, venham! Cheguem junto!
PENSADORES: Ninguém aqui quer brigar, Breno. Por que você é tão violento?
ESTERCO, cínico em seu riso: É que dá a maior adrenalina...! Pô! Maior emoção! Adoro dar porrada! Principalmente em mulher, que apanha pra cacete e não consegue nem escapar. Porra, cara! É bom demais!Melhor do que isso só quando dei uma surra no meu pai: o velho implorou pra "mim" parar.
Diante das palavras de Esterco não conseguimos continuar. Demos as costas e fomos pra outro lugar, enquanto ele nos xingava de tudo quanto é nome.
Mas o que mais nos revolta é que há incontáveis brenos estercos por este Brasil: todo violento do trânsito tem o perfil igualzinho ao seu.
Barão da Mata e Leônidas Falcão
ENTREVISTA DE HERCULANO ÉBRIO A "OS PENSADORES"
PENSADORES: Por que você bebe tanto assim?
HERCULANO: Como todo mundo, pra esquecer.
PERNSADORES: Mas no seu caso esquecer o quê?
HERCULANO: Que eu não tenho nenhum motivo pra beber.
PENSADORES: Herculano!
HERCULANO, rindo: Tá bom, tá bom: eu tenho um problema de família.
PENSADORES: Problema de família?
HERCULANO: É que lá em casa ninguém bebe ( e o disse rindo). E olha aqui: E esse negócio de beber traz algumas vantagens.
PENSADORES: Vantagens?
HERCULANO: É . Por exemplo. Algum de vocês já dormiu com duas mulheres ao mesmo tempo?
PENSADORES (após nos entreolharmos): Acho que nenhum de nós.
HERCULANO: Pois é. Quando tô bêbado, vejo tudo duplicado, e aí tenho o enorme prazer de chegar em casa e dormir com duas mulheres ao mesmo tempo.
PENSADORES: Engraçadinho! Você tem religião?
HERCULANO: Eu sou devoto de uma boa birita.
PENSADORES: Tem algum grande sonho?
HERCULANO: O de viver num alambique. Será tudo de bom.
PENSADORES: Tem alguma ideologia política?
HERCULANO: eu sou biritista, partidário da birita.
PENSADORES: Fale sério.
HERCULANO: Ué? E eu não tô falando? O Lula é biritista e foi eleito presidente duas vezes. Ou você acha que ele tem alguma outra ideologia?
PENSADORES: O Lula é vantagista: gosta de tirar vantagem de tudo. Você nutre algum sonho?
HERCULANO: Tornar-me fabricante, degustador e exportador de bebidas.
PENSADORES: Mas degustador você já é. Aliás, degustador, não, porque o degustador só prova.
HERCULANO: Pois é! Eu também. Não tenho culpa se o meu paladar é pouco apurado e tenho sempre de tomar um bocadão mais.
PENSADORES: Um de nós conheceu uma moça que disse que só bebia nos finais de semana, mas não tinha culpa se para ela o final de semana começava na terça-feira.
HERCULANO, veemente: Tá errada! tá errada!
PENSADORES: É?
HERCULANO: O meu já começa na segunda.
PENSADORES: Você dá bebida pro santo?
HERCULANO: Posso responder com uma pergunta?
PENSADORES: Pode.
HERCULANO: Vocês jogam ouro fora?
PENSADORES: Claro que não.
HERCULANO: Pois é, nem eu.
PENSADORES: Fale sério!
HERCULANO: Ué? Manda o santo comprar a bebida dele!
PENSADORES: Herculano, com você não dá mesmo pra conversar.
HERCULANO: Quem manda falar com bêbado?
PENSADORES: Não tem nada a ver. Já não teve bêbado dirigindo o país?
HERCULANO (dando gargalhadas): É por isso que deu na merda que deu.
Não foi possível continuarmos a entrevista. Herculano só sabe fazer apologia à bebida, e, embora bebamos, não somos inveterados e nem mo fazemos todos os dias, mantendo os nossos limites. Deixamos lá o Herculano dando suas gargalhadas e fomos embora.
Leônidas Falcão e Barão da Mata
HERCULANO: Como todo mundo, pra esquecer.
PERNSADORES: Mas no seu caso esquecer o quê?
HERCULANO: Que eu não tenho nenhum motivo pra beber.
PENSADORES: Herculano!
HERCULANO, rindo: Tá bom, tá bom: eu tenho um problema de família.
PENSADORES: Problema de família?
HERCULANO: É que lá em casa ninguém bebe ( e o disse rindo). E olha aqui: E esse negócio de beber traz algumas vantagens.
PENSADORES: Vantagens?
HERCULANO: É . Por exemplo. Algum de vocês já dormiu com duas mulheres ao mesmo tempo?
PENSADORES (após nos entreolharmos): Acho que nenhum de nós.
HERCULANO: Pois é. Quando tô bêbado, vejo tudo duplicado, e aí tenho o enorme prazer de chegar em casa e dormir com duas mulheres ao mesmo tempo.
PENSADORES: Engraçadinho! Você tem religião?
HERCULANO: Eu sou devoto de uma boa birita.
PENSADORES: Tem algum grande sonho?
HERCULANO: O de viver num alambique. Será tudo de bom.
PENSADORES: Tem alguma ideologia política?
HERCULANO: eu sou biritista, partidário da birita.
PENSADORES: Fale sério.
HERCULANO: Ué? E eu não tô falando? O Lula é biritista e foi eleito presidente duas vezes. Ou você acha que ele tem alguma outra ideologia?
PENSADORES: O Lula é vantagista: gosta de tirar vantagem de tudo. Você nutre algum sonho?
HERCULANO: Tornar-me fabricante, degustador e exportador de bebidas.
PENSADORES: Mas degustador você já é. Aliás, degustador, não, porque o degustador só prova.
HERCULANO: Pois é! Eu também. Não tenho culpa se o meu paladar é pouco apurado e tenho sempre de tomar um bocadão mais.
PENSADORES: Um de nós conheceu uma moça que disse que só bebia nos finais de semana, mas não tinha culpa se para ela o final de semana começava na terça-feira.
HERCULANO, veemente: Tá errada! tá errada!
PENSADORES: É?
HERCULANO: O meu já começa na segunda.
PENSADORES: Você dá bebida pro santo?
HERCULANO: Posso responder com uma pergunta?
PENSADORES: Pode.
HERCULANO: Vocês jogam ouro fora?
PENSADORES: Claro que não.
HERCULANO: Pois é, nem eu.
PENSADORES: Fale sério!
HERCULANO: Ué? Manda o santo comprar a bebida dele!
PENSADORES: Herculano, com você não dá mesmo pra conversar.
HERCULANO: Quem manda falar com bêbado?
PENSADORES: Não tem nada a ver. Já não teve bêbado dirigindo o país?
HERCULANO (dando gargalhadas): É por isso que deu na merda que deu.
Não foi possível continuarmos a entrevista. Herculano só sabe fazer apologia à bebida, e, embora bebamos, não somos inveterados e nem mo fazemos todos os dias, mantendo os nossos limites. Deixamos lá o Herculano dando suas gargalhadas e fomos embora.
Leônidas Falcão e Barão da Mata
quinta-feira, 28 de março de 2013
ROSINHA, A GOSTOSINHA
Quando os Pensadores de Birosca conheceram Rosinha, foi a sua sensibilidade que lhes despertou a atenção. Pois não é que estavam Breno Esterco e Herculano Ébrio perdidos numa dessas casas "Via Olimpo 2000 Show", quando resolveram pedir ajuda a esta afável senhorita.
Numa incrível coincidência, naquele exato momento, começou a tocar em volume estrondoso, uma canção simpática, de um louvável compositor chamado Mc Leozinho, em cujo refrão entoava:
"Ela só pensa em beijar...beijar, beijar, beijar!"
Rosinha não pôde conter as lágrimas:
- Essa música foi feita pra mim!
- Genial! - Exclamaram na hora nossos filósofos de boteco.
Uma cena de tamanha emoção não poderia servir para outra coisa senão solidificar admiração por essa sensível criatura . E assim, Rosinha conquistou depressa seu lugar ao sol no rol de personagens deste blog tão respeitável.
segunda-feira, 25 de março de 2013
PROPAGANDA DA PERFORMÁTICA MATADORES DE ALUGUEL
A Performática Matadores de Aluguel possui uma tradição de mais de trinta anos no mercado. Trabalhamos para políticos, empresários, banqueiros de bicho e de instituições financeiras, além de também para traficantes de gabarito e ricas esposas ou maridos enciumados ou interessados em herança. Garantimos discrição, sigilo e cem por cento de sucesso em nossos serviços. Ainda enviamos coroas de flores com dizeres irônicos, além de providenciarmos enterro em luxuosa sepultura e missa de sétimo dia. Contrate o nosso serviço de carpideiras - nós as temos em todas as idades e estilos. Nossos atiradores são homens treinados e perfeitamente habilitados, com longos anos de experiência. Na hora de produzir um "de cujus", não contrate aventureiros: só a Performática realiza o trabalho com perfeição.
Barão da Mata
sábado, 23 de março de 2013
"SEM COMPROMISSO" / "DEIXA A MENINA"
"SEM COMPROMISSO" é um trabalho de Geraldo Pereira, aqui apresentado por Chico Buarque e Martinália.
"DEIXA A MENINA" é uma brincadeira, um samba descontraído e que carrega em si o brilho do talento de Chico Buarque, mostrando que samba, como qualquer gênero musical, não tem idade, não ficando delimitado ao seu tempo ou a qualquer outra circunstância que o envolva.
SEM COMPROMISSO
( GERALDO PEREIRA)
Você só dança com ele
E diz que é sem compromisso
É bom acabar com isso
Não sou nenhum Pai-João
Quem trouxe você fui eu
Não faça papel de louca
Prá não haver bate-boca dentro do salão
Quando toca um samba
E eu lhe tiro pra dançar
Você me diz: Não, eu agora tenho par
E sai dançando com ele, alegre e feliz
Quando pára o samba
Bate palma e pede bis
Não faça papel de louca
Prá não haver bate-boca dentro do salão
Quando toca um samba
E eu lhe tiro pra dançar
Você me diz: Não, eu agora tenho par
E sai dançando com ele, alegre e feliz
Quando pára o samba
Bate palma e pede bis
DEIXA A MENINA
CHICO BUARQUE
Não é por estar na sua presença, meu prezado rapaz
Mas você vai mal, mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixa a morena contente
Deixe a menina sambar em paz
Mas você vai mal, mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixa a morena contente
Deixe a menina sambar em paz
Eu não queria jogar confete, mas tenho que dizer
"Cê" tá de lascar, "cê" tá de doer
E se vai continuar enrustido com essa cara de marido
A moça é capaz de se aborrecer
"Cê" tá de lascar, "cê" tá de doer
E se vai continuar enrustido com essa cara de marido
A moça é capaz de se aborrecer
Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem
E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem
Não sei se é pra ficar exultante, meu querido rapaz
Mas aqui ninguém o aguenta mais
São três horas, o samba tá quente
Deixa a morena contente
Deixe a menina sambar em paz
Mas aqui ninguém o aguenta mais
São três horas, o samba tá quente
Deixa a morena contente
Deixe a menina sambar em paz
Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem
E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis
Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça
Ou mereça a moça que você tem
Não é por estar na sua presença, meu prezado rapaz
Mas você vai mal, mas vai mal demais
São seis horas, o samba tá quente
Deixa a morena com a gente
Deixa a menina sambar em paz.
Mas você vai mal, mas vai mal demais
São seis horas, o samba tá quente
Deixa a morena com a gente
Deixa a menina sambar em paz.
"FADO TROPICAL"
FADO TROPICAL
(Chico Buarque e Ruy Guerra)
Oh, musa do meu fado,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado
No primeiro abril,
Oh, minha mãe gentil,
Te deixo consternado
No primeiro abril,
Mas não sê tão ingrata!
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou.
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga,
Alecrins no canavial,
Licores na moringa:
Um vinho tropical.
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
Alecrins no canavial,
Licores na moringa:
Um vinho tropical.
E a linda mulata
Com rendas do alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado, eu mesmo me contesto.
E as minhas mãos o golpe duro e presto,
De tal maneira que, depois de feito,
Desencontrado, eu mesmo me contesto.
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito,
Me assombra a súbita impressão de incesto.
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa.
Ostento a aguda empunhadora à proa,
Mas meu peito se desabotoa.
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa".
Mais que depressa a mão cega executa,
Pois que senão o coração perdoa".
Guitarras e sanfonas,
Jasmins, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Jasmins, coqueiros, fontes,
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo...
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal:
Ainda vai tornar-se um império colonial!
quinta-feira, 21 de março de 2013
22/03 - DIA MUNDIAL DA ÁGUA
Hoje é o Dia Mundial da Água. De certo, não faltarão artigos pregando o consumo racional deste bem tão precioso e indispensável à nossa existência.
Por isso, vamos fazer diferente. Queremos trocar idéias com você, que tem acompanhado "Os Pensadores de Birosca".
Você tem percebido que a tecnologia avança cada vez mais rápido, no mundo inteiro? Pois então...Você, por acaso, já ouviu falar que o Brasil detém a maior reserva de água potável do planeta?
Lembro-me que nos tempos de escola, eu já ouvia que o problema do Brasil não era seca e sim a "cerca" (referência à limitação das construções de açudes nas propriedades dos latifundiários poderosos do Nordeste). Também nos tempos de escola, eu havia aprendido que no Oriente, em terras muito mais secas e menos férteis que o solo brasileiro, foram desenvolvidos sistemas de irrigação que tornaram produtiva toda aquela região.
E por que estamos conversando sobre isto, caro frequentador de nossa birosca? Acontece que, em 2013, muito tempo depois de meus tempos de escola, vivemos no Nordeste, a seca mais severa dos últimos 30 anos, como se Gonzagão houvesse acabado de compor "Asa Branca". E eu sinceramente gostaria de entender como isso pode ser.
Ok, ok... Vamos deixar de lado a escassez. Vamos falar de abundância. Pois, agorinha, no último fim de semana, houve mais uma tragédia provocada pelas fortes chuvas e as consequentes enchentes na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Ainda se contabilizam os mortos. Tampouco se estima a quantidade de pessoas que perderam as suas casas. Tudo isso, praticamente 02 anos após o drama que deixou mais de 900 mortos e milhares de desabrigados na mesma localidade, em 2011. Então, é preciso perguntar de novo, embora admitindo que as grandes catástrofes naturais sempre terão um quê de inevitável:
" O que foi providenciado, de lá para cá, pelas autoridades competentes, para impedir que a mesma tragédia se repetisse, contando, inclusive, com grande trasferência de recursos emergenciais para o custeio de tais iniciativas? A resposta talvez seja: 'Sirenes'.
Terminamos com os 02 vídeos que gostaríamos que não existissem, mas que comprovam, assim como a escolha do Papa, que Deus não é brasileiro. Não pela falta ou excesso de chuva, que podem acometer qualquer outra nação. Mas, sim pela explicação da piada velha, em que o Todo Poderoso confessa a Pedro, sobre o Brasil: "Não te preocupas, tu verás o povo que colocarei lá..." Isso mesmo, este nosso povo que só tem vaga para dois tipos de sujeito: Os que gostam de bater e os que aguentam apanhar.
Feliz dia da Água.
Leônidas Falcão
segunda-feira, 18 de março de 2013
ORSON WELLES E O "CIDADÃO KANE"
Orson Welles entrou para a história do cinema como, se não o maior, um dos primeiros entre os gênios das produções cinematográficas. Homem de temperamento forte e de vontade obstinada e férrea, foi um dos diretores mais geniais e competentes, e sua determinação o conduzia às raias da arbitrariedade em relação aos seus atores. Dentre os seus trabalhos, o que ficou no rol das maiores e mais marcantes produções cinematográficas de todos os tempos foi "Cidadão Kane", produção de 1941 que lhe rendeu a consagração mundial como diretor e ator, além de uma série de problemas.
Órfão de mãe ainda aos oito anos e filho de um alcoólatra, Welles perdeu também o pai por volta de um decênio de vida e houve de ingressar num internato. Definido por todos desde os primórdios da existência como gênio, por revelar de fato pendores artísticos e sinais de que realmente era um prodígio, com esta convicção (fundada na realidade) ingressou no mundo das celebridades, tornando-se locutor de uma rádio em Nova Iorque ainda por volta dos vinte e dois de idade. Já havendo realizado algumas experiências bem sucedidas no campo das artes dramáticas, dirigindo peças de Shackespeare por volta dos vinte anos, em seu trabalho na emissora teve uma atuação absolutamente impudente com o fito de obter audiência: fazia alardes, provocando pânico geral com seus anúncios de que a terra estava sendo invadida por extraterrestres. Relatava aos berros, em tom dramático e desesperador que os alienígenas incendiavam com suas armas poderosas civis e agentes da polícia. Aterrorizou Nova Iorque com a sua mentira, desobedecendo as determinações do próprio patrão no sentido de parar com aquele teatro hediondo. O procedimento o levou a interrogatório policial e, instado a responder se não tinha ideia do imensurável transtorno que criara, alegou inocência. O episódio abriu-lhe as portas de Hollywood com o salário mais bem pago da época.
Após longo tempo sem nada produzir e ter o emprego ameaçado, ganha do roteirista amigo Hermann J. Manckievick a indicação para atuar no que seria a imortal obra-prima, "Cidadão Kane", baseado num personagem real, William Randolph Hearst, milionário e o mais poderoso dono de empresas jornalísticas do mundo.
Randolph era nascido em berço de ouro, filho de um abastado minerador, era egocêntrico, sem pudor e obstinado como Welles. Entre suas façanhas há o conflito entre a Espanha e os Estados Unidos pelo domínio de Cuba, por ele criado e provocado em prol de projetar e aumentar a tiragem dos seus jornais. O empresário cobriu pessoalmente os combates, além de haver capturado vinte e nove soldados espanhóis na ilha e os haver obrigado a bradar vivas a George Washington, também com o objetivo de criar um fato sensacional paras vender mais jornais. Transformou em heroica vítima cubana que tentara libertar o pai dos militares da Espanha uma espanhola aventureira que objetivara seduzir e matar um oficial da mesma nacionalidade, conseguindo dar-lhe fuga mais tarde. Inúmeras outras vezes inventou e produziu fatos e fraudes apenas para se beneficiar e aos seus negócio de mídia. Vivia num palácio, pretendia presidir os Estados Unidos, empresa na qual não teve sucesso, mas que dá uma ideia das dimensões da sua ambição e sede de poder.
E é justamente este homem o escolhido por Manckievick e Welles para se colocarem em rota de colisão. Não obstante a advogada de Randolph fazer várias ameaças e o empresário tentar comprar os originais e cópias do filme, que entre outras coisas expunha a sua relação conjugal conturbada com uma ex-corista infiel e trinta e cinco anos mais nova, a obra estreou e foi um sucesso esplendoroso de bilheteria.
Ferido em seus brios, abandonado pela mulher por conta de outros assuntos, William Randolph Hearst morreu dez anos depois, mas não sem antes deixar um maldito legado a Orson Welles: a acusação de que o cineasta servia ao comunismo e aos interesses de Moscou.
Inocentado posteriormente, Welles nunca mais dirigiu uma produção do porte de "Cidadão Kane", e viu sua carreira entrar num gradual processo de declínio, dirigindo seu último filme em 1973 ("Verdades e Mentiras"), não conseguindo a partir dali nada além de atuações em comerciais e trabalhos em troca de cachês, mas nunca de salários. Experimentou uma obesidade mórbida que o colocava durante longos períodos em cadeiras de rodas, viu-se falido, sem sucesso e sem público, até sua morte, em 10 de outubro de 1985, época em que era conhecido pelas mais novas gerações americanas apenas como o homem que fazia propagandas de uísque.
Barão da Mata
domingo, 17 de março de 2013
POR QUE PENSADORES DE BIROSCA
Queríamos expor nossas opiniões e ter a liberdade da descontração, sem optar por um estilo sisudo, austero, daqueles que acabam por ficar até meio autoritários. Desejávamos pensar sem arrogar a condição de sábios, dando-nos até o direito a dizer asneiras, não deixando a ninguém espaço para nos questionar ou tentar colocar em cheque as nossas afirmações. Se o fizessem, diríamos; "Ué? Somos pensadores, mas temos concessão para pensar tolices." Então nos lembramos dos botequins, onde todo mundo diz o que quer, inclusive besteiras, e tudo passa batido, desce com um bom gole de cerveja e uma boa dose de descontração. Onde, além do mais, todos os filósofos são tortos, sarcásticos, humorísticos e descompromissados. Os filósofos de botequim são criativos, têm piadas, histórias e tiradas que a gente tem gosto de ouvir. Quisemos por isto colocar no blog o nome de "Filósofos de Botequim"; mas quem disse que estava disponível? Foi muito matutando e verificando disponibilidade que chegamos a "Os Pensadores de Birosca". Resultado: tanto pensamos, que gastamos ali todos os nossos neurônios.
PEZÃO??
Aquela história do telefonema recebido pelo Leônidas http://pensadoresdebirosca.blogspot.com.br/2013/03/quem-sera.html
deixou o Herculano Ébrio um bocado confuso:
-Pezão, braço direito do Sérgio Cabral? Ué? Mas o correto então não seria Bração?
Já o Breno Esterco, que é a encarnação do mal, veio logo contar as suas histórias:
- Ih, mané...! Eu ontem bem meti o pezão no peito de um cara... Pô, maluco, dá o maior prazer...
Quando este sujeito fala, todo aquele que tem o mínimo de bom senso torce o nariz: criatura mais asquerosa!
- Nunca vi isso. - seguiu Herculano - Afinal o cara é pé ou braço?
- É, meu amigo, mas oque me impressionou mesmo foi a questão das UPAs...
- Pô(!), meu caro, Pezão é nome de jogador de futebol... Tá tudo maluco por aqui! Primeiro o Sérgio Cabral era o jornalista, o pai,e o governador, filho do pai. Agora, como disse o Leônidas, O Sérgio Cabral governador abandonou o filho e passou a ser o pai... - pensou, pensou, balançou a cabeça: - Assim não há condições! Só tomando mais uma talagada pra entender! Não dá, não dá... Depois ficam dizendo que o bêbado sou eu...
Barão da Mata
deixou o Herculano Ébrio um bocado confuso:
-Pezão, braço direito do Sérgio Cabral? Ué? Mas o correto então não seria Bração?
Já o Breno Esterco, que é a encarnação do mal, veio logo contar as suas histórias:
- Ih, mané...! Eu ontem bem meti o pezão no peito de um cara... Pô, maluco, dá o maior prazer...
Quando este sujeito fala, todo aquele que tem o mínimo de bom senso torce o nariz: criatura mais asquerosa!
- Nunca vi isso. - seguiu Herculano - Afinal o cara é pé ou braço?
- É, meu amigo, mas oque me impressionou mesmo foi a questão das UPAs...
- Pô(!), meu caro, Pezão é nome de jogador de futebol... Tá tudo maluco por aqui! Primeiro o Sérgio Cabral era o jornalista, o pai,e o governador, filho do pai. Agora, como disse o Leônidas, O Sérgio Cabral governador abandonou o filho e passou a ser o pai... - pensou, pensou, balançou a cabeça: - Assim não há condições! Só tomando mais uma talagada pra entender! Não dá, não dá... Depois ficam dizendo que o bêbado sou eu...
Barão da Mata
quarta-feira, 13 de março de 2013
QUEM SERÁ?
No último final de semana recebi uma ligação curiosa. Uma gravação perguntava de forma bem objetiva:
-Você sabe quem é Pezão, o "braço direito" de Sérgio Cabral?
Se você sabe quem é, digite "1".
Se você não sabe, digite "2" e visite o site "www.quemepezao.com.br
Várias idéias inúteis me vieram à mente em pouquíssimos instantes.
1) Será que se trata de um sorteio no qual eu acerto a resposta e ganho um prêmio em dinheiro?
2) Qual será o prêmio em dinheiro?
3) Mas por que estão fazendo a pergunta se ao mesmo tempo já estão dando a resposta?!
4) Como poderia um pé e um braço serem a mesma coisa?!?
5) Sérgio Cabral ?!?!?!
Confesso, envergonhado, que desliguei sem clicar em nada. Não que tenha algo contra pés ou contra o Sérgio Cabral. Mas outro dia, um defensor do PMDB me perguntou se eu não gostava, ao menos um pouco, do governador. No que eu respondi:
- Sim, costumo nutrir certa admiração sempre que o confundo com o grande jornalista Sérgio Cabral, já que o governador simplesmente abandonou o "Filho" que tinha no nome.
Ainda assim, continuei pensando quem afinal seria "Pezão"...
Seria este?
Este?
Ou quem sabe este aqui?
Teria ele passado por aqui?
De repente lembrei....Será que não pode ser ele no link abaixo?
Leônidas Falcão
terça-feira, 12 de março de 2013
VERSÃO BRASILEIRA...4
O MALANDRO
Composta por Kurt Weill e Bertold Brecht, para a ópera alemã. Die Dreigroschenoper (Ópera dos Três Vinténs) a canção Die Moritat von Mackie Messer é uma das mais regravadas de todos os tempos. Com sua melodia instantânea, foi traduzida e adaptada em diversos idiomas e interpretada por artistas consagrados do mundo inteiro.
No Brasil, Chico Buarque chamou sua versão de "O Malandro", que compôs entre 1977 e 1978 para a peça "Ópera do Malandro", que em verdade é uma adaptação da Ópera dos Três Vinténs. A história se passa em 1940, tendo pano de fundo um Rio de Janeiro como berço da malandragem romÂntica, ainda que abordando temas como a prostituição e o contrabando. Traz a história de Max Overseas, o malandro protagonista, que vive de golpes e da cafetinagem. Ainda em "Ópera do Malandro" e com a mesma melodia, Chico apresenta O Malandro nº 2, com uma letra quase escatológica, para bem expressar o fim trágico que terá o seu protagonista.
É preciso lembrar que antes, antes, em 1959 , já havia uma outra adaptação em português gravada por ninguém menos que Elza Soares.
Em inglês, a canção tornou-se "Mack, The Knife" e foi interpretada por Frank Sinatra, Louis Armstrong, Bob Darin, dentre muitos outros.
Os Pensadores de Birosca trazem algumas das interpretações que eternizaram esta música no mundo, começando pela original, em alemão e fechando com as leituras de Chico Buarque. Mas adiantamos: Com um pouquinho de paciência, você poderá encontrar outras mais.
domingo, 10 de março de 2013
O "ALTAS HORAS"
Imagine quando você perde o sono nas noites de sábado. Revira para um e outro lado, fica impaciente, deprimido, mal-humorado e, já que a noite está mesmo perdida, liga a televisão e, depois de passar por todos os canais abertos, resolve deixar na Globo, onde o "Altas Horas" o acompanha a madrugada inteira. É, meu amigo... você precisa de um porre de nocautear ou um bom remédio pra dormir.
Barão da Mata
CUIDADO COM A PESQUISA NA INTERNET!
Escrevendo sobre socialismo e capitalismo, mencionei Thomas More e, já que escrevi longe dos meus livros e fora de minha casa, busquei informações sobre o personagem da história aqui na internet: caí numa página onde informam que este foi decapitado por ordem do rei inglês Henrique VII. Você leu bem? Eu escrevi VII ! Porque foi exatamente o que eu li. Se eu não soubesse que o rei era o Henrique VIII, ia repassar a asneira e achar estar prestando uma grande informação. Agora, quando estiver em casa, vou ter de pesquisar sobre o Henrique VII e, antes de saber qualquer coisa, quero declarar que morro de pena dele por lhe imputarem do qual ele é absolutamente inocente.
Barão da Mata
quinta-feira, 7 de março de 2013
BRENO ESTERCO, O MAU SUJEITO II"
O "Os Pensadores de Birosca", sempre pronto a mencionar o que tem de bom, assim como incapaz de deixar de reconhecer o que há de ruim, tem o doloroso deve de apresentar a vocês o seu novo personagem: Breno Esterco.
Breno Esterco, bem fazendo jus ao nome, tem tudo de mau que se pode ver numa pessoa. "Pitty boy" por excelência, foi levado ao bar pelo Herculano Ébrio. Também esse Herculano, embora não tenha nenhum desvio de caráter, vive bêbado e não consegue ser seletivo na hora de fazer amizades. Pois é, foi isto: conheceu aquele excremento de pessoa e foi logo incluindo-a em seu rol de amigos.
Beno Esterco sempre dirige seu carro em direção de risco e alta velocidade, atropela cachorros, gatos, humanos e ainda sai rindo: "R-ri-ri! Aí! O bicho voou, mané!!!" toda vez em que se comemore qualquer coisa, seja São João, Natal, Ano Novo, Dia da Criança, vitória do Flamengo, do Fluminense, do Vasco, do Corinthians, Palmeiras, Real Madrid., Liverpool, etc... fica soltando fogos quase vinte e quatro horas direto, apavorando os cachorrinhos, criancinhas e não deixando a vizinhança dormir. Alíás, dormir, para os vizinhos de Breno Esterco, é um grande luxo. O deseducado só ouve som no último volume, quer no carro ou dentro de casa. Liberado de trabalho e responsabilidades, vivendo às expensas do pai, enche a casa aos domingos à noite de amigos, e é um tal de barulho de música de má qualidade e gente idiota falando alto, dando gargalhada e gritando de madrugada!
Acorda às duas da tarde, faz uma refeição substanciosa e parte prá academia, onde malha, bebe suco e come sanduíche natural o tempo inteiro e fica até o estabelecimento fechar. Depois sai por aí com o carro, em busca da mulherada e também dos amigos com quem encontra identidade.
Praticante de jiu-jitsu, musculação, boxe tailandês, Esterco acha, que se aprendeu a lutar, á pra praticar "à vera", e sai por aí xingando os outros, fazendo direção perigosa e passando a mão na bunda das mulheres dos outros pra arrumar confusão.
Todas as pessoas como Breno Esterco são como são por imbecilidade, maucaratismo e perversidade: assim, mostram-se verdadeiros excrementos ambulantes, de carne e osso e equipados de cérebro de má qualidade, não podendo ainda ser considerados eres humanos, mas seres num estágio de desenvolvimento ainda por chegar ao nível de subverme.
BRENO ESTERCO , O MAU SUJEITO
Este é Breno Esterco, mais um personagem criado pelos "Pensadores de Birosca". O cara é o autêntico "mau sujeito". Seus esportes preferidos são "rachas", "pegas" e briga no interior de boates. Mulheres? Elas são muito delicadas pra ele.
Sim, Breno é um mala, mas como este espaço é democrático, ele vai falar por aqui...se é que ele consegue.
quarta-feira, 6 de março de 2013
SEJA UM PENSADOR... PERGUNTE-ME COMO
Estamos chegando à nossa centésima postagem e graças a você, que acompanha, o blog é um sucesso! Pois agora, você pode participar ainda mais intensamente!
Se você escreve, pinta, fotografa, canta, faz charges ou possui espírito crítico... Enfim se você é um artista ou simplesmente gosta de se expressar, divulgue seu trabalho aqui no blog! Você vai ampliar a sua visibilidade e pode até se tornar um "Pensador de Birosca", ou seja, entrar para a equipe.
Mande agora o seu material ou tire suas dúvidas.
Email: pensadoresdebirosca@gmail.com
terça-feira, 5 de março de 2013
HERCULANO ÉBRIO E O BAR DO CHATO
Um dia desses parei num boteco com o Herculano Ébrio, e ele, especializado em tudo o que estabelecimento onde se beba, veio queixar-se de alguns bares que não dã nenhuma liberdade ao cliente (quando eu era mais novo, consumidor de bar era freguês):
-Puxa, em certos pares eu me sinto como num seminário. Existem aqueles que parecem mais uma biblioteca... mais parecem um mosteiro, uma igreja católica...
- Você gosta de bar com gente falando alto, -retruquei - não te deixando conversar...?
- Não, Barão, não é nada disso... também odeio bar barulhento, onde a gente precisa gritar pra bater um papo...
- Então...?
- Mas é que às vezes a gente quer puxar um cigarrinho...
- Mas fumar em lugar fechado, Herculano, é desagradável - continuei a replicar, eu, fumante moderado (nem todo dia eu fumo) mas exagerado quando bebo - quando fumo no bar, faço-o do lado de fora...
- Pois é, irmão! Na varanda, na calçada à mesa, não é??
- Isso, Herculano!
- Mas o diabo é que tem bar que nem isso permite... tem bar onde você não pode nada.
- É?
Então nosso amigo, embriagado como sempre, língua sempre enrolando e com dificuldade de manter erguida a cabeça, começou a imaginar os avisos do bar do chato:
"Não permitimos entrar sem camisa ou com camisinha de má qualidade.
Não permitimos fumar ou entrar com cheiro de cigarro.
Não permitimos conversar sobre política ou futebol. Não vamos vedar conversa sobre religião, porque religioso que é religioso, não frequenta bar.
Não permitimos entrada de pessoas com cara de cachorro.
Não permitimos paquera no recinto.
Não permitimos trazer comida de fora. sugerimos trazer sua esposa.
Não permitimos entrada de gente chata.
Não permitimos vestido curto ou decote.
Não permitimos reclamar do chope quente."
- A primeira coisa que eles tinham de proibir, Barão - reclamou ele - era a entrada de gente burra e chata.
Levantei um dedo pra discordar, parei o gesto de repente, propus:
- Herculano, vamos pedir alguma coisa pra comer?
Barão da Mata
domingo, 3 de março de 2013
O BAR DOS CAVALHEIROS
Duque de Caixas, município daqui do Estado do Rio de Janeiro, tem um bairro ( ou sub-bairro, lougradouro, sei lá ) chamado Bar dos CAVALEIROS. Acontece, no entanto, que algumas pessoas, lendo mal ou não lendo corretamente, ou ainda simplesmente não se dando a ler o letreiro dos ônibus que levam à localidade, acabam por chamá-la Bar dos CA-VA-LHEI-ROS. Eu e um colega de trabalho soltamos uma vez a imaginação e ficamos a brincar com o equívoco.
Se a cidade do Rio é violenta, Caxias também está longe de ser um poço de virtudes. e, embora não conheçamos o tal lugar, sabemos que fica na periferia da cidade, longe do centro, uma região com alguns requisitos típicos do chamado oeste bravio dos filmes americanos.
Bem, em nossas divagações, o local se transforma num bar frequentado por homens extremamente violentos, mas de exemplar e espantosa educação, ou então não seriam CAVALHEIROS. Imagine: um sujeito, encarregado de matar o outro, entra no recinto, dá boa-noite a todos e olha firme pra um desconhecido:
- Sr. Orlando Maldade?
O homem se levanta:
- Boa noite, cavalheiro! Sou eu mesmo, sim, senhor! Boa noite!
- Boa noite, meu amigo. - responde o outro -Muito prazer, meu senhor. Eu sou Antônio Terrível, seu escravo. Como vai? Tudo bem?
- O prazer é todo meu. Tudo bem, amigo. E o senhor? Como vai?
- Também vou bem, obrigado. - faz uma breve pausa, volta: - Com sua licença, deixe-me ir direto ao assunto, já que meu tempo é pouco. A questão é que recebi uma importância relevante para matá-lo e estou aqui em cumprimento do meu ofício.
- O outro, amedrontado, mas compreensivo e sem perder a linha:
- Ah, sim! Entendo perfeitamente. Se é assim que há de ser, que nos ocupemos logo do que é mais importante.
O matador aponta a arma:
- Com licença, cavalheiros, e com o seu perdão, sr. Orlando!
- Pois não, não há do quê.
E consuma-se a execução.
Logo depois o malfeitor sai cumprimentando os presentes e se desculpando pelo incidente.
Noutra ocasião, entre músicas e casais dançando, um belisca as nádegas da mulher do outro.
- Uiiii, cavalheiro! Boa noite, mas uuiiii! - a moça reclama.
O marido se coloca entre aquela e o engraçadinho:
- Nobre rapaz, boa noite, mas o que é isto??
- Ah(!), prezado amigo, boa noite, me perdoe, mas a sua mulher é realmente muito sensual e não pude resistir.
- O senhor entende, então, que é uma questão de honra, e eu não posso deixar de tomar uma atitude drástica.
- Claro, gentil senhor: reagirei à altura, mas pode proceder por favor da maneira como melhor lhe aprouver.
- Então, com sua licença, se me permite! - e os dois sacam sus armas, e o o menos ligeiro tomba sem vida.
Dizem que uma vez o bar ficou aberto direto durante quarenta e oito horas, e os contendores acabaram caindo de cansaço, sem que ninguém matasse ninguém. Eram dois inimigos viscerais portugueses, ali duelando por conta de um ter eliminado o filho do outro.
- Sr. Manuel, bamos resolvere d'uma vez p'r todas esta desabença. P'r favore, bamos lá: o senhore quere sacare pr'meiro?
- Não! De jaito nenhum! O senhor pr'meiro!
- Não , me r'cuso: o senhor pr'meiro...
- Não, o senhor...
- O senhor...
Barão da Mata
sexta-feira, 1 de março de 2013
A SANTÍSSIMA IGREJA DOS NEGADORES DA MEDIOCRIDADE
A Santíssima Igreja dos Negadores da
Mediocridade
Por volta das 20 horas, a chuva começou a apertar. Bem no instante em que eu entornava o último gole pra ir embora. Em volta do bar lotado eram soltas exclamações denunciando São Pedro por alta conspiração, visto que o Santo insistia no costume de inundar o centro da cidade na hora exata do distinto cidadão carioca finalmente deixar o trabalho, rumo às mazelas, cada um do seu lar. Cabelos molhados chacoalhavam de um lado para outro, enquanto mangas de camisa eram espremidas. Tudo entre inúmeros comentários inócuos sobre os transtornos que a água vinda do céu pode causar. Aquilo me fez lembrar de “Águas de Março” e assim eu esperava terminar meu chope. Ao som imaginário de Tom Jobim.
Era um bar de galetos, daqueles com bancos altos e um balcão no centro. Lá dentro, ia e vinha o Athaíde, garçom gente fina, que ao invés de trazer a conta que eu já havia pedido algumas vezes, trouxe mais uma saideira na bandeja. Bem sabe Athaíde que eu jamais protestaria na presença de um chope tão bem tirado, dourado como se fora um produto de alquimia, na tulipa cristalina em cuja boca se depositava a espuma nevada, em altura milimetricamente perfeita.
É inegável que estes tipos de bar estimulam a interação entre os clientes. Uma vez sentado no balcão, dificilmente o camarada deixará a gorjeta sem antes ter engrenado uma ou duas conversas. Com alguma sorte, conhecerá alguém interessante. E com um autêntico milagre, pode escapar de falar sobre política e futebol.
Não era este o caso. Àquela altura, estávamos a menos de duas horas de uma partida da seleção, válida pelo torneio eliminatório da copa do mundo. Desta feita, o assunto dominante, senão exclusivo, a circular pelo salão não poderia ser outro: o consagrado esporte bretão.
Como naquela noite eu não estava para comentaristas, tentei permanecer o maior tempo possível alheio àquele congresso de Lazaronis, cada qual escalando o seu esquadrão imbatível pra nos trazer de novo o “caneco” e estampar na boca do brasileiro, aquele sorriso exuberante, desfalcado de alguns dentes, é verdade, mas complementado pelo mais profundo e relevante orgulho, que assim como a TV Mitsubishi, tem garantia até a copa seguinte.
Os frequentadores logo exigiram que o Athaíde ligasse o aparelho de televisão. Não se sabia a que horas aquela água toda ia estiar, portanto o melhor era ir testando a qualidade da imagem, pois em último caso, assistiriam à contenda dali mesmo.
Meus planos eram outros. Mas confesso que, enquanto o assunto rolava, eu precisava, em certos momentos, fazer algum esforço para manter oculto meu fanatismo rubro-negro, forjando uma expressão assim desinteressada, como se meu esporte favorito fosse o críquete, ou quem sabe, cuspe à distância. Não adiantou, porque lá pela metade da tulipa, fui convidado a participar do assunto pelo colega ao lado, que resolveu perguntar se eu partilhava da opinião de que “tudo o que temos que evitar para levar essa copa é evitar a presença de um novo Zinho” e completou: - Porque Zinho não dá. Não é, “Sangue bom”? – chamando a minha atenção com um gentil toque de braço, que alguém desavisado talvez tirasse por cotovelada.
Concordei, de pronto. Definitivamente, Zinho não dava. O cara tinha encerado no meio de campo do selecionado canarinho havia duas copas e o sujeito ali querendo que ele fosse o tema da conversa. Resignado, aderi ao debate, mas de maneira original, em voz alta, ainda que receoso de estar começando uma daquelas brigas de bar, o que, nos dias atuais, tornou-se algo muito perigoso:
- Pois bem, “Sangue”, eu digo que concordo. Não gosto do Zinho e não gosto de “zinho”. Já não me contento em viver num mundinho, morar num “apartamentozinho”, assistir ao futebolzinho no fim de semana, nem jogar um poquerzinho, e nada de ficar em casa vendo o casalzinho da novela das nove. O Zinho foi medíocre em 94, e por coincidência, o nome dele se resume a esse diminutivo, que associo imediatamente ao que significa a palavra “medíocre”. Só sei, companheiro, que ao menos em meus anseios, eu não tolero mais isso. Ando cansado da mediocridade e mesmo não sendo mais nenhum adolescente, gostaria de ser único, fazer algo marcante, que me trouxesse o gosto de viver plenamente.
O homem franziu a testa em sinal de estranhamento. Talvez, tenha dito mais alto do que eu queria. Fez-se um silêncio no bar, digno da final de 50. Alguns segundos depois, as conversas foram sendo retomadas. Enquanto isso, meus olhos foram percorrendo o rosto de cada uma das pessoas que estavam mais próximas, esperando a primeira manifestação de reprovação, para que eu pudesse, em réplica, desenvolver algum argumento.
Nada. Apenas olhares assustados. Virei o último gole do chope e vi que desta vez, Athaíde somava, com pressa, as folhas do talão da minha despesa.
Até que, à minha direita, um homem de terno cinza, ergueu uma bíblia sagrada com a mão direita e, com a cara fechada, disse em tom solene: - Esse homem precisa de Deus! – e bem baixinho, completou: - Quanta arrogância, Senhor.
Imaginei que fosse ter início uma pregação, mas ela não veio. Estiquei o pescoço, procurando, meio sem querer, algum vasilhame de refrigerante ou suco na direção do religioso, mas em toda a extensão do balcão, só avistei tulipas de chope e cerveja, copos de vinho doce e taças de conhaque.
Dei por encerrados os meus devaneios e já tinha a mão no bolso a separar as notas, quando deparei com um senhor de uns 65 anos, coberto por um paletó marrom escuro, que caminhava, vagarosamente, do outro lado do balcão, em direção à porta de saída. Ele apoiava no chão, a cada passo, a ponta do guarda-chuva comprido, que fazia vezes de uma bengala. Notei que ele me fitava, com um sorriso brando quase que totalmente escondido pelos bigodes grisalhos. Antes de alcançar a porta, o velho embainhou o guarda-chuva para o alto e disse:
-É isso aí meu rapaz. Todos deveriam anotar o que você falou aqui. É isso aí...
Surpreso com a inesperada moção de apoio, devolvi o sorriso discreto, enquanto o homem ia porta afora, andando com o pés quase juntos com a ajuda daquela bengala improvisada.
Instintivamente, eu tirei a mão vazia do bolso e levantei o dedo indicador, gesto que, visualizado por Athaíde, resultou em outro chope gelado, com dois centímetros de colarinho, bem na minha frente. Tomei uma golada generosa e bati forte a mão na mesa, despertando novamente a atenção de boa parte dos presentes, enquanto outros permaneciam distraídos em seus bate-papos, ou absortos na imagem da televisão:
-Desculpem, por favor, a minha empolgação de instantes atrás. – e prossegui - Foi inevitável. Não quero que pensem que sou algum esnobe. Sequer possuo méritos que me autorizem, e se tivesse, ainda assim não seria da minha natureza. Mas será que vocês não se pegam, vez por outra, pensando no que gostariam de fazer realmente com suas vidas. Alguém aqui, não deseja ou desejou, em algum momento, criar algo genial?
Foram cinco “que papo é esse?”, até que ouvi a primeira resposta interessada à minha indagação, de um homem de gorro, seus cinquenta anos, encostado na minha diagonal:
- Todos sonhamos em ser alguém, amigo. Ou em mudar o mundo. Muitos fomos marxistas sem ler uma linha de “O Capital”. Mas, sobretudo quando éramos jovens, tolos e ingênuos.
- Mas por que pensar assim? Por acaso, não vemos tantas coisas geniais e tantos personagens que admiramos por aí? – retruquei eu?
O assunto ganhou mais interessados e alguns, que estavam sentados mais adiante, levantaram-se para participar. Uma professora de literatura, que havia entrado apenas para se proteger da chuva, acabou ficando e começou a prestar atenção. Aos poucos, um por vez foi se metendo na conversa, e os que não usavam a palavra observavam aguardando a chance de interferir.
- Não creio que haja uma idade limite para fazer algo fantástico, mas confesso que já não alimento mais ilusões. – desabafou um deles, que se apresentou como advogado, cuja idade não combinava com a desesperança do que acabara de dizer.
- Pois não precisamos criar nada! – voltei eu. – Proponho aqui que nós sejamos aquilo que quisermos ser. E proponho um brinde, também. Ou melhor, um juramento. Se o amigo da bíblia puder nos emprestar, o livro sagrado será nosso instrumento.
O religioso resmungou que aquilo era heresia. Mas trouxe a bíblia e deixou sobre o balcão, bem à minha frente. Enquanto isso, Athaíde vendia cada vez mais bebida e aquele clima ia contagiando todo o balcão. Ninguém mais olhava para a televisão. De repente, todos brincavam de escolher alguém para ser naquele exato momento.
O primeiro a se decidir foi o gaiato que me perguntou do Zinho. Queria ser o Zico, no que foi rapidamente apelidado de “Amarelão” por alguns vascaínos que faziam referência ao pênalti
perdido em 1986.
- Pois eu sou Chico Buarque! - levantou o braço o tal advogado. – aquele sim é genial.
Resolvi provocar:
- Sei que o Chico é brilhante, mas queria sugerir algo mais sublime. O criador pode até permanecer na memória, mas, ainda assim, ele morre um dia. Ofereço a vocês a eternidade. Melhor que ser o artista é ser a obra. Por que não ser uma canção do Chico Buarque. Uma canção nunca morre.
Foi um êxtase geral. A ideia trouxe uma perspectiva nova àquelas pessoas. Algo empolgante e perturbador ao mesmo tempo: Pensar numa existência que combinasse a genialidade com a imortalidade. E ainda, tentar imaginar o que poderia significar a possibilidade de existir enquanto
uma obra de arte.
Tornou-se uma grande festa. Chico Buarque se transformara em “Pedaço de Mim”. Uns três ou quatro, que moravam em Niterói e aguardavam a estiagem para atravessar a Baía de Guanabara, lembraram-se do Museu de Arte Contemporânea, projetado por Niemayer. A professora de Literatura queria ser um filme, “Cinema Paradiso” era o seu preferido.
Todos se riam de tal maneira, que olhando a cena era impossível não recordar o botequim dos velhos tempos, onde a cerveja rolava, mas antes de a língua enrolar, havia muita conversa boa. E quando já nem supunha quantas tulipas eu havia entornado, comecei a pensar naquele bar como uma Academia, a dos sábios e não dos ginastas.
E assim foram passando as horas, sem que ninguém percebesse. A Guernica, de Picasso pedia um petisco ao incansável Athaíde. Ao mesmo tempo, um poema de Drummond permanecia sentado ao fundo do balcão, com um sorriso juvenil de cobrir o rosto inteiro. Tagarelas, os três “Chefões” levantaram juntos para aliviar a bexiga e quase tropeçaram num drible do Garrincha. É chope, sabe como é...
Quando alguém perguntou o que eu gostaria de ser, não tive dúvidas e discursei, bêbado de fazer inveja a Herculano Joça:
- Não quero ser imortal. Vou continuar gente mesmo. Mas, em homenagem ao nosso amigo da Bíblia aqui presente (sim, ele não arredava pé), queria convidá-los agora para uma nova religião. Isso mesmo! Porque aqui, neste momento, sinto-me em um templo, num local sacro. Também faço questão de ser o fundador de nossa igreja, a qual batizo como “A Santíssima Igreja dos Negadores da Mediocridade”! É isso que quero ser.
Athaíde gargalhava. Trouxe três bandejas de chope para o eufórico brinde que encheu de “vivas” nossa fundação. Pessoas cheias de orgulho, batendo tulipas e conversando sobre grandes realizações da humanidade. Guerras, comédias, monumentos. Versos, tecnologia e canções. Pinturas, estátuas, máfia. Comidas, bebidas e crimes, todos perfeitos...
Foi assim que aquela noite terminou. Ainda que contra a minha vontade, uma manhã quente chegou rápido e trouxe uma dor de cabeça estrondosa, pra não deixar dúvidas de que havia voltado ao mundo real, sem igreja, sem eternidade e, por favor, sem chope, pelo menos até a ressaca passar.
“A Santíssima Igreja dos Negadores da Mediocridade” foi fundada em certa noite, quando as águas de março nos trouxeram, aos seus adeptos, a possibilidade real, não de sermos geniais, mas antes de perceber o quanto ainda pode ser divertido sonhar.
Leônidas Falcão
Era um bar de galetos, daqueles com bancos altos e um balcão no centro. Lá dentro, ia e vinha o Athaíde, garçom gente fina, que ao invés de trazer a conta que eu já havia pedido algumas vezes, trouxe mais uma saideira na bandeja. Bem sabe Athaíde que eu jamais protestaria na presença de um chope tão bem tirado, dourado como se fora um produto de alquimia, na tulipa cristalina em cuja boca se depositava a espuma nevada, em altura milimetricamente perfeita.
É inegável que estes tipos de bar estimulam a interação entre os clientes. Uma vez sentado no balcão, dificilmente o camarada deixará a gorjeta sem antes ter engrenado uma ou duas conversas. Com alguma sorte, conhecerá alguém interessante. E com um autêntico milagre, pode escapar de falar sobre política e futebol.
Não era este o caso. Àquela altura, estávamos a menos de duas horas de uma partida da seleção, válida pelo torneio eliminatório da copa do mundo. Desta feita, o assunto dominante, senão exclusivo, a circular pelo salão não poderia ser outro: o consagrado esporte bretão.
Como naquela noite eu não estava para comentaristas, tentei permanecer o maior tempo possível alheio àquele congresso de Lazaronis, cada qual escalando o seu esquadrão imbatível pra nos trazer de novo o “caneco” e estampar na boca do brasileiro, aquele sorriso exuberante, desfalcado de alguns dentes, é verdade, mas complementado pelo mais profundo e relevante orgulho, que assim como a TV Mitsubishi, tem garantia até a copa seguinte.
Os frequentadores logo exigiram que o Athaíde ligasse o aparelho de televisão. Não se sabia a que horas aquela água toda ia estiar, portanto o melhor era ir testando a qualidade da imagem, pois em último caso, assistiriam à contenda dali mesmo.
Meus planos eram outros. Mas confesso que, enquanto o assunto rolava, eu precisava, em certos momentos, fazer algum esforço para manter oculto meu fanatismo rubro-negro, forjando uma expressão assim desinteressada, como se meu esporte favorito fosse o críquete, ou quem sabe, cuspe à distância. Não adiantou, porque lá pela metade da tulipa, fui convidado a participar do assunto pelo colega ao lado, que resolveu perguntar se eu partilhava da opinião de que “tudo o que temos que evitar para levar essa copa é evitar a presença de um novo Zinho” e completou: - Porque Zinho não dá. Não é, “Sangue bom”? – chamando a minha atenção com um gentil toque de braço, que alguém desavisado talvez tirasse por cotovelada.
Concordei, de pronto. Definitivamente, Zinho não dava. O cara tinha encerado no meio de campo do selecionado canarinho havia duas copas e o sujeito ali querendo que ele fosse o tema da conversa. Resignado, aderi ao debate, mas de maneira original, em voz alta, ainda que receoso de estar começando uma daquelas brigas de bar, o que, nos dias atuais, tornou-se algo muito perigoso:
- Pois bem, “Sangue”, eu digo que concordo. Não gosto do Zinho e não gosto de “zinho”. Já não me contento em viver num mundinho, morar num “apartamentozinho”, assistir ao futebolzinho no fim de semana, nem jogar um poquerzinho, e nada de ficar em casa vendo o casalzinho da novela das nove. O Zinho foi medíocre em 94, e por coincidência, o nome dele se resume a esse diminutivo, que associo imediatamente ao que significa a palavra “medíocre”. Só sei, companheiro, que ao menos em meus anseios, eu não tolero mais isso. Ando cansado da mediocridade e mesmo não sendo mais nenhum adolescente, gostaria de ser único, fazer algo marcante, que me trouxesse o gosto de viver plenamente.
O homem franziu a testa em sinal de estranhamento. Talvez, tenha dito mais alto do que eu queria. Fez-se um silêncio no bar, digno da final de 50. Alguns segundos depois, as conversas foram sendo retomadas. Enquanto isso, meus olhos foram percorrendo o rosto de cada uma das pessoas que estavam mais próximas, esperando a primeira manifestação de reprovação, para que eu pudesse, em réplica, desenvolver algum argumento.
Nada. Apenas olhares assustados. Virei o último gole do chope e vi que desta vez, Athaíde somava, com pressa, as folhas do talão da minha despesa.
Até que, à minha direita, um homem de terno cinza, ergueu uma bíblia sagrada com a mão direita e, com a cara fechada, disse em tom solene: - Esse homem precisa de Deus! – e bem baixinho, completou: - Quanta arrogância, Senhor.
Imaginei que fosse ter início uma pregação, mas ela não veio. Estiquei o pescoço, procurando, meio sem querer, algum vasilhame de refrigerante ou suco na direção do religioso, mas em toda a extensão do balcão, só avistei tulipas de chope e cerveja, copos de vinho doce e taças de conhaque.
Dei por encerrados os meus devaneios e já tinha a mão no bolso a separar as notas, quando deparei com um senhor de uns 65 anos, coberto por um paletó marrom escuro, que caminhava, vagarosamente, do outro lado do balcão, em direção à porta de saída. Ele apoiava no chão, a cada passo, a ponta do guarda-chuva comprido, que fazia vezes de uma bengala. Notei que ele me fitava, com um sorriso brando quase que totalmente escondido pelos bigodes grisalhos. Antes de alcançar a porta, o velho embainhou o guarda-chuva para o alto e disse:
-É isso aí meu rapaz. Todos deveriam anotar o que você falou aqui. É isso aí...
Surpreso com a inesperada moção de apoio, devolvi o sorriso discreto, enquanto o homem ia porta afora, andando com o pés quase juntos com a ajuda daquela bengala improvisada.
Instintivamente, eu tirei a mão vazia do bolso e levantei o dedo indicador, gesto que, visualizado por Athaíde, resultou em outro chope gelado, com dois centímetros de colarinho, bem na minha frente. Tomei uma golada generosa e bati forte a mão na mesa, despertando novamente a atenção de boa parte dos presentes, enquanto outros permaneciam distraídos em seus bate-papos, ou absortos na imagem da televisão:
-Desculpem, por favor, a minha empolgação de instantes atrás. – e prossegui - Foi inevitável. Não quero que pensem que sou algum esnobe. Sequer possuo méritos que me autorizem, e se tivesse, ainda assim não seria da minha natureza. Mas será que vocês não se pegam, vez por outra, pensando no que gostariam de fazer realmente com suas vidas. Alguém aqui, não deseja ou desejou, em algum momento, criar algo genial?
Foram cinco “que papo é esse?”, até que ouvi a primeira resposta interessada à minha indagação, de um homem de gorro, seus cinquenta anos, encostado na minha diagonal:
- Todos sonhamos em ser alguém, amigo. Ou em mudar o mundo. Muitos fomos marxistas sem ler uma linha de “O Capital”. Mas, sobretudo quando éramos jovens, tolos e ingênuos.
- Mas por que pensar assim? Por acaso, não vemos tantas coisas geniais e tantos personagens que admiramos por aí? – retruquei eu?
O assunto ganhou mais interessados e alguns, que estavam sentados mais adiante, levantaram-se para participar. Uma professora de literatura, que havia entrado apenas para se proteger da chuva, acabou ficando e começou a prestar atenção. Aos poucos, um por vez foi se metendo na conversa, e os que não usavam a palavra observavam aguardando a chance de interferir.
- Não creio que haja uma idade limite para fazer algo fantástico, mas confesso que já não alimento mais ilusões. – desabafou um deles, que se apresentou como advogado, cuja idade não combinava com a desesperança do que acabara de dizer.
- Pois não precisamos criar nada! – voltei eu. – Proponho aqui que nós sejamos aquilo que quisermos ser. E proponho um brinde, também. Ou melhor, um juramento. Se o amigo da bíblia puder nos emprestar, o livro sagrado será nosso instrumento.
O religioso resmungou que aquilo era heresia. Mas trouxe a bíblia e deixou sobre o balcão, bem à minha frente. Enquanto isso, Athaíde vendia cada vez mais bebida e aquele clima ia contagiando todo o balcão. Ninguém mais olhava para a televisão. De repente, todos brincavam de escolher alguém para ser naquele exato momento.
O primeiro a se decidir foi o gaiato que me perguntou do Zinho. Queria ser o Zico, no que foi rapidamente apelidado de “Amarelão” por alguns vascaínos que faziam referência ao pênalti
perdido em 1986.
- Pois eu sou Chico Buarque! - levantou o braço o tal advogado. – aquele sim é genial.
Resolvi provocar:
- Sei que o Chico é brilhante, mas queria sugerir algo mais sublime. O criador pode até permanecer na memória, mas, ainda assim, ele morre um dia. Ofereço a vocês a eternidade. Melhor que ser o artista é ser a obra. Por que não ser uma canção do Chico Buarque. Uma canção nunca morre.
Foi um êxtase geral. A ideia trouxe uma perspectiva nova àquelas pessoas. Algo empolgante e perturbador ao mesmo tempo: Pensar numa existência que combinasse a genialidade com a imortalidade. E ainda, tentar imaginar o que poderia significar a possibilidade de existir enquanto
uma obra de arte.
Tornou-se uma grande festa. Chico Buarque se transformara em “Pedaço de Mim”. Uns três ou quatro, que moravam em Niterói e aguardavam a estiagem para atravessar a Baía de Guanabara, lembraram-se do Museu de Arte Contemporânea, projetado por Niemayer. A professora de Literatura queria ser um filme, “Cinema Paradiso” era o seu preferido.
Todos se riam de tal maneira, que olhando a cena era impossível não recordar o botequim dos velhos tempos, onde a cerveja rolava, mas antes de a língua enrolar, havia muita conversa boa. E quando já nem supunha quantas tulipas eu havia entornado, comecei a pensar naquele bar como uma Academia, a dos sábios e não dos ginastas.
E assim foram passando as horas, sem que ninguém percebesse. A Guernica, de Picasso pedia um petisco ao incansável Athaíde. Ao mesmo tempo, um poema de Drummond permanecia sentado ao fundo do balcão, com um sorriso juvenil de cobrir o rosto inteiro. Tagarelas, os três “Chefões” levantaram juntos para aliviar a bexiga e quase tropeçaram num drible do Garrincha. É chope, sabe como é...
Quando alguém perguntou o que eu gostaria de ser, não tive dúvidas e discursei, bêbado de fazer inveja a Herculano Joça:
- Não quero ser imortal. Vou continuar gente mesmo. Mas, em homenagem ao nosso amigo da Bíblia aqui presente (sim, ele não arredava pé), queria convidá-los agora para uma nova religião. Isso mesmo! Porque aqui, neste momento, sinto-me em um templo, num local sacro. Também faço questão de ser o fundador de nossa igreja, a qual batizo como “A Santíssima Igreja dos Negadores da Mediocridade”! É isso que quero ser.
Athaíde gargalhava. Trouxe três bandejas de chope para o eufórico brinde que encheu de “vivas” nossa fundação. Pessoas cheias de orgulho, batendo tulipas e conversando sobre grandes realizações da humanidade. Guerras, comédias, monumentos. Versos, tecnologia e canções. Pinturas, estátuas, máfia. Comidas, bebidas e crimes, todos perfeitos...
Foi assim que aquela noite terminou. Ainda que contra a minha vontade, uma manhã quente chegou rápido e trouxe uma dor de cabeça estrondosa, pra não deixar dúvidas de que havia voltado ao mundo real, sem igreja, sem eternidade e, por favor, sem chope, pelo menos até a ressaca passar.
“A Santíssima Igreja dos Negadores da Mediocridade” foi fundada em certa noite, quando as águas de março nos trouxeram, aos seus adeptos, a possibilidade real, não de sermos geniais, mas antes de perceber o quanto ainda pode ser divertido sonhar.
Leônidas Falcão
A VERDADEIRA HISTÓRIA DA CHAPEUZINHO VERMELHO
Andei visitando um site http://falacultura.com/2012/02/06/contos-de-fadas-versoes-originais-macabras/ que faz relatos escabrosos sobre as versões originais dos contos de fadas, que vieram ao longo do tempo sendo adaptados pelos irmãos Grimm e outros para contos mais suaves e que chegaram ao que são nos dias de hoje.
No início dos anos oitenta, uma pornochanchada brasileira, com Adele Fátima, intitulada "As Histórias que Nossas Babás Não Contaram", supunha que havia uma diversão muito grande entre os sete anões e Branca de Neve. Sendo assim, resolvi entrar nesse negócio de cada um contar o conto à sua maneira e, baseando-me em como as coisas acontecem nos dias de hoje, amoldar a história de "A Chapeuzinho Vermelho" ao que me parece ser a verdade.
Mantenho a parte em que a menina, ainda na floresta, pede informações ao Lobo Mau, que a engana e se antecipa à casa da Vovozinha, onde chega metendo o pé na porta; porém só concordo até aí.
- Minha nossa! - levantou-se a boa velhinha, assustada com a súbita invasão de domicílio - O que é isso?! Um assalto!? Ocupação da minha casa pelo tráfico?!
- Qual é, velha?! Que invasão pelo tráfico o cacete! O negócio é o seguinte: vou te comer!
A avozinha recuou, assustada:
- Oh! Mas Lobão! - e esboçou um riso malicioso: - Mas logo eu, Lobão...? - começou a ajeitar os cabelos : - Você nem respeita a diferença de idade entre nós?
- Olha aqui, ó...!
- E, pra começar - agora o olhava ainda com mais malícia - eu nem sou chegada a roqueiros... prefiro o pessoal da Bossa Nova, sabe(?), que é mais compatível com o meu estilo e a minha idade...
- Deixa de frescura, velha! - o malvado gritou.
De repente ouviu passos lá fora, pressupôs que fosse a Chapeuzinho Vermelho e apressou-em em trancar a porta, amordaçar a avó da menina, despi-la e colocá-la dentro do "closet". A criança batia na porta, o Lobão afinava a voz e pedia:
- Espera um pouquinho, minha netinha!
Até que vestiu-se com as roupas da velha, não sem antes olhar longamente para o corpo desta e comentar:
- Até que você dá um caldo, hem?
O Lobão era assim mesmo: tinha fama de que comia todo mundo. Tava respirando, ele traçava.
Logo após vestir-se com a roupa da senhora, deitar-se e cobrir-se, atirou a chave pela janela.
- Pega aí a chave, minha netinha! A vovó não tem forças para levantar-se e abrir a porta.
Só não sei como é que uma pessoa tão debilitada não teria forças para levantar-se, mas conseguiria atirar longe uma chave. Porém,como a Chapeuzinho Vermelho era criança e inocente, também não sabia. Assim posso continuar a narrativa.
Então ficou aquela conversa fiada do "vovó, por que isso tão grande", "é pra aquilo", até o momento em que o danado dá o bote pra cima da menina. É justamente quando chega o Caçador, com sua espingarda comprada de um policial corrupto, que usurpara a arma de um membro de uma facção criminosa com que não simpatizava. Chega e o caçador e fuzila o Lobão!
- Infame! - comentou o homem - Além de tudo era pedófilo!
Descoberta e solta e vestida a velha, os três começam a comentar o fato, o o caçador, não suportando a emoção, começa a chorar:
- Por que o senhor chora? - indagou a Vovozinha.
O homem soluçava:
-É que esse canalha me traía. Veja só, minha senhora: eu passava o dia inteiro caçando pra sustentá-lo, e ele saía por aí comendo todo mundo. Eu já desconfiava que esse maldito Lobão me era infiel e por isto vivia a segui-lo, mas não imaginava que fosse capaz de desejar uma criança.
- Desejar?? - quis saber a menina.
- Vai lá pro quarto, garota - ordenou a avó - que isto é conversa de adulto.
Após a menina obedecer, o salvador das duas choramingou por mais algum tempo. À noite enterrou o corpo no fundo do quintal e, antes de ir embora, explicou à idosa:
- Se a polícia bate aqui, ia ser uma complicação danada pra explicar. Além do mais, ele era muito benquisto pelo pessoal do tráfico da área, e podia haver vingança.
E assim o caçador se foi, chorando feito um bezerro desmamado, após a Chapeuzinho Vermelho estar dormindo desde o momento em que fora mandada ao quarto.
Ah, é! Depois todos foram felizes para sempre.
Barão da Mata
- Infame! - comentou o homem - Além de tudo era pedófilo!
Descoberta e solta e vestida a velha, os três começam a comentar o fato, o o caçador, não suportando a emoção, começa a chorar:
- Por que o senhor chora? - indagou a Vovozinha.
O homem soluçava:
-É que esse canalha me traía. Veja só, minha senhora: eu passava o dia inteiro caçando pra sustentá-lo, e ele saía por aí comendo todo mundo. Eu já desconfiava que esse maldito Lobão me era infiel e por isto vivia a segui-lo, mas não imaginava que fosse capaz de desejar uma criança.
- Desejar?? - quis saber a menina.
- Vai lá pro quarto, garota - ordenou a avó - que isto é conversa de adulto.
Após a menina obedecer, o salvador das duas choramingou por mais algum tempo. À noite enterrou o corpo no fundo do quintal e, antes de ir embora, explicou à idosa:
- Se a polícia bate aqui, ia ser uma complicação danada pra explicar. Além do mais, ele era muito benquisto pelo pessoal do tráfico da área, e podia haver vingança.
E assim o caçador se foi, chorando feito um bezerro desmamado, após a Chapeuzinho Vermelho estar dormindo desde o momento em que fora mandada ao quarto.
Ah, é! Depois todos foram felizes para sempre.
Barão da Mata
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