sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O PASTOR E O BÊBADO


Por volta de umas sete da manhã de um  sábado, um homem vinha pelas ruas, cambaleante e com o pescoço e as roupas manchadas de batom, o corpo impregnado de perfume de mulher.  Quando um pastor o abordou e lhe disse com olhos enternecidos  de compaixão:

-- Meu amigo, veja como você está!  Não pode continuar se entregando às orgias e ignorando a presença de Deus no Universo.  Mude de vida, entregue-se a Jesus e propale pelos quatro cantos do mundo a palavra do Senhor.

-- Ora, -- o bêbado respondeu com certa impaciência --  é tão prazerosa a esbórnia!  Por que vou me dar à virtude e à pregação, se a vida me parece tão boa?

Ao que o pastor rtetrucou:

-- Não sabe o que o pode ter para os próximos anos.  Essa vida que lhe parece maravilhosa pode tornar-se mais curta do que espera.  Eu mesmo, que devo ser uns quinze anos mais velho do que você, posso ter um tempo muito mais longo neste mundo.

E foi dito e feito.  Em dez anos o ébrio morreu em decorrência de seus hábitos, após uma existência com muitas festas, mulheres, bebidas, danças, músicas,  alegrias, mulheres, prazeres, prazeres, mulheres, enquanto o pastor  precisou de mais trinta anos para ficar liberto de toda aquele tédio de viver pregando e levando uma vida insossa de monógamo abstêmio.   

Barão da Mata


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