sexta-feira, 7 de setembro de 2012

NO FERIADO DE 7 DE SETEMBRO

João - E aí?  Todo mundo botou sua bandeirola do Brasil no carro, na janela...?

Barão - Patriotada!

Raul - Eles tinham que ser patriotas se manifestando quando o Brasil vendeu a preço de banana todo o patrimônio nacional.

Célio - O tempo da "privataria", não é?

João - É isso aí.

Barão - Eu já falei disso.  Eles torcem pra cacete nas Olimpíadas, na Copa, mas a sociedade ficou calada quando nós sofremos a grande derrota, que foi a perda da Vale do Rio Doce.

João - Pois é...

Raul - A turma gosta  é de fazer patriotada.

Célio - E é bom lembrar pro pessoal que o nosso dia é sete de setembro, não o onze de setembro.

Barão - Ah! Mas a maior frustração do brasileiro é não ser americano.

João - Ah, é!  :Acho que eles queriam até estar lá nas torres gêmeas quando foram explodidas, porque pra serem americanos dariam tudo.

Barão - É. Americanófilos de carteirinha...

João - Pô, cara! A gente falava dos milicos e tudo, mas eles seriam incapazes de entregar assim o patrimônio nacional.

Barão - Rapaz, por falar em milico, uma vez, quando eu tinha meus trinta e oito anos, eu fiz pra um colega de trabalho um discurso daqueles(!), metendo o pau nos militares, e ele ficou me olhando com uns olhos arregaladões(!), sem dizer palavra.  Uns meses depois, ele comentou que era ex-militar.

Célio - O cara foi educado.

Barão - Foi por volta de noventa e quatro.  A gente tinha ainda alguma mágoa dos generais.

Célio - Interessante é o seguinte. O Brasil, no tempo dos milicos, pensava muito mas não podia nada.

João - Hoje pode tudo mas não pensa nada.

Barão - Apoiado!

Raul - Que anencefalia do caralho!

Barão - Nos anos oitenta eles diziam acefalia. Agora eles resolveram mudar.

Célio - Não vem ao caso, mas que o Brasil não pensa, não pensa.

Raul - Pensa. Na dança dos famosos do Faustão. No Neimar, no MMA

João - Eu gosto de MMA

Raul - Vai, romano!  Aquilo é luta de gladiadores.

Célio - Uma vez eu tava vendo uma - e não aguentei, tirei logo do canal - que mais parecia que um tava comendo o outro.

Barão - Que mau gosto! Ficar vendo dois homens se agarrando e se enchendo de porrada.  Aliás, quando o  cigano ganhou aquela luta em que foi campeão, o Galvão Bueno gritou de uma forma tão histérica, tão esquisita, que eu escrevi que ele teve o maior orgasmo do século.  Aí a Mi Guerra, uma minha amiga virtual, comentou que o Lula, quando passou a faixa presidencial prá Dilma, também foi "fodástico".

Muitos risos.

Barão, ainda rindo - A Mi escrevendo é brilhante.  Adorei a tirada que teve.

Célio - Esse negócio de escrever, pra quem não tem mídia, é infrutífero pra caralho!

João - É... Tanta gente boa que não tem chance.

Barão - Um dia eu tava lendo numa revista dessas um cara dando orientações a quem quisesse ingressar na literatura.  Disse que a gente tinha que escolher um público-alvo... Público-alvo... Porra! O meu público-alvo tá lá em Brasília.  Vou mandar uns aviões com suicidas pra lá, pra atingir meu público-alvo.

 João - Você té desrespeitando o espisódio das torres gêmeas?

Barão - Não, não...Francamente, tenho o maior respeito. Acho que é um episódio que não  pode ser esquecido.

Célio - É! Porque não é à toa que se diz que o passado esquecido tende a se repetir.

Barão - É verdade... e vem se repetindo, não é?  Talvez porque o mundo tenha esquecido as bombas de Hiroshima e Nagazaki... Mas uma coisa não justifica a outra: só quero que as pessoas se lembrem dos episódios em que os americanos foram algozes, como na devastação sanguinolenta do Afeganistão e do Iraque, logo após o 11 de setembro,a pretexto de se vingar quando o que aquele bestial desgraçado do Bush filho queria era o petróleo do Iraque.

João - Quantas vidas foram ceifadas por causa daquilo....!

Raul - O mundo não mudou nada.  Os poderosos ainda agem igual ao romanos. Querem é fortuna e poder, sem se preocupar com quantas vidas sejam suprimidas por causa da ambição deles.

Barão - Muita crueldade... Mas hoje os estadistas são mais cínicos, inventam pretextos...

Célio - Muita escrotidão!

João - Mas na Antiguidade eles também inventavam pretextos.  Não sempre, mas inventavam.

Raul - Alegam sempre boas intenções ou um motivo forte, não é?

João - Mas querem sempre passar uma imagem de bonzinhos.

Barão - Por falar em imagem de bonzinho,  me lembrei agora de uma entrevista que o Madame Satã deu ao Pasquim, no início dos anos setenta...

João - Ê, Pasquim! Quanta saudade!

Barão - Pois é, concordo plenamente.  Mas voltando ao Madame Satã, indagando sobre se tinha matado um homem, ele respondeu: "Matei, não, só apertei o gatilho. A bala fez o furo e quem matou foi Deus."

Risos.

Barão - Perguntaram se  ele já tinha se apaixonado por algum homem que tivesse transado com ele e ele disse: "apaixonar, não, que isso é pouca vergonha".

João - Uma vez o Ziraldo contou que, quando ele morreu, lá na Ilha Grande, todo mundo se apressou em fazer o enterro dele, e o corpo ficou enterrado lá mesmo, na Ilha Grande.  Depois, quando  abriram o diário dele, a primeira coisa que tava escrita era: "Quero ser enterrado na Lapa."

Risos novamente.

Raul - O Pasquim era muito bom, uma pena ter acabado.  Eles eram brilhantes.

Barão - Caras brilhantes mesmo. Bons de humor e de protesto, cultos e talentosos. Contam que uma vez o Tarso de Castro foi preso, por ter escrito algo que os milicos consideravam subversivo, e aí o Jaguar foi à delegacia pra tirar ele da cadeia.  Acabou ficando também.

Risos mais uma vez.  Porém, depois dali, nada mais foi dito que despertasse o interesse do leitor.














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