João - E aí? Todo mundo botou sua bandeirola do Brasil no carro, na janela...?
Barão - Patriotada!
Raul - Eles tinham que ser patriotas se manifestando quando o Brasil vendeu a preço de banana todo o patrimônio nacional.
Célio - O tempo da "privataria", não é?
João - É isso aí.
Barão - Eu já falei disso. Eles torcem pra cacete nas Olimpíadas, na Copa, mas a sociedade ficou calada quando nós sofremos a grande derrota, que foi a perda da Vale do Rio Doce.
João - Pois é...
Raul - A turma gosta é de fazer patriotada.
Célio - E é bom lembrar pro pessoal que o nosso dia é sete de setembro, não o onze de setembro.
Barão - Ah! Mas a maior frustração do brasileiro é não ser americano.
João - Ah, é! :Acho que eles queriam até estar lá nas torres gêmeas quando foram explodidas, porque pra serem americanos dariam tudo.
Barão - É. Americanófilos de carteirinha...
João - Pô, cara! A gente falava dos milicos e tudo, mas eles seriam incapazes de entregar assim o patrimônio nacional.
Barão - Rapaz, por falar em milico, uma vez, quando eu tinha meus trinta e oito anos, eu fiz pra um colega de trabalho um discurso daqueles(!), metendo o pau nos militares, e ele ficou me olhando com uns olhos arregaladões(!), sem dizer palavra. Uns meses depois, ele comentou que era ex-militar.
Célio - O cara foi educado.
Barão - Foi por volta de noventa e quatro. A gente tinha ainda alguma mágoa dos generais.
Célio - Interessante é o seguinte. O Brasil, no tempo dos milicos, pensava muito mas não podia nada.
João - Hoje pode tudo mas não pensa nada.
Barão - Apoiado!
Raul - Que anencefalia do caralho!
Barão - Nos anos oitenta eles diziam acefalia. Agora eles resolveram mudar.
Célio - Não vem ao caso, mas que o Brasil não pensa, não pensa.
Raul - Pensa. Na dança dos famosos do Faustão. No Neimar, no MMA
João - Eu gosto de MMA
Raul - Vai, romano! Aquilo é luta de gladiadores.
Célio - Uma vez eu tava vendo uma - e não aguentei, tirei logo do canal - que mais parecia que um tava comendo o outro.
Barão - Que mau gosto! Ficar vendo dois homens se agarrando e se enchendo de porrada. Aliás, quando o cigano ganhou aquela luta em que foi campeão, o Galvão Bueno gritou de uma forma tão histérica, tão esquisita, que eu escrevi que ele teve o maior orgasmo do século. Aí a Mi Guerra, uma minha amiga virtual, comentou que o Lula, quando passou a faixa presidencial prá Dilma, também foi "fodástico".
Muitos risos.
Barão, ainda rindo - A Mi escrevendo é brilhante. Adorei a tirada que teve.
Célio - Esse negócio de escrever, pra quem não tem mídia, é infrutífero pra caralho!
João - É... Tanta gente boa que não tem chance.
Barão - Um dia eu tava lendo numa revista dessas um cara dando orientações a quem quisesse ingressar na literatura. Disse que a gente tinha que escolher um público-alvo... Público-alvo... Porra! O meu público-alvo tá lá em Brasília. Vou mandar uns aviões com suicidas pra lá, pra atingir meu público-alvo.
João - Você té desrespeitando o espisódio das torres gêmeas?
Barão - Não, não...Francamente, tenho o maior respeito. Acho que é um episódio que não pode ser esquecido.
Célio - É! Porque não é à toa que se diz que o passado esquecido tende a se repetir.
Barão - É verdade... e vem se repetindo, não é? Talvez porque o mundo tenha esquecido as bombas de Hiroshima e Nagazaki... Mas uma coisa não justifica a outra: só quero que as pessoas se lembrem dos episódios em que os americanos foram algozes, como na devastação sanguinolenta do Afeganistão e do Iraque, logo após o 11 de setembro,a pretexto de se vingar quando o que aquele bestial desgraçado do Bush filho queria era o petróleo do Iraque.
João - Quantas vidas foram ceifadas por causa daquilo....!
Raul - O mundo não mudou nada. Os poderosos ainda agem igual ao romanos. Querem é fortuna e poder, sem se preocupar com quantas vidas sejam suprimidas por causa da ambição deles.
Barão - Muita crueldade... Mas hoje os estadistas são mais cínicos, inventam pretextos...
Célio - Muita escrotidão!
João - Mas na Antiguidade eles também inventavam pretextos. Não sempre, mas inventavam.
Raul - Alegam sempre boas intenções ou um motivo forte, não é?
João - Mas querem sempre passar uma imagem de bonzinhos.
Barão - Por falar em imagem de bonzinho, me lembrei agora de uma entrevista que o Madame Satã deu ao Pasquim, no início dos anos setenta...
João - Ê, Pasquim! Quanta saudade!
Barão - Pois é, concordo plenamente. Mas voltando ao Madame Satã, indagando sobre se tinha matado um homem, ele respondeu: "Matei, não, só apertei o gatilho. A bala fez o furo e quem matou foi Deus."
Risos.
Barão - Perguntaram se ele já tinha se apaixonado por algum homem que tivesse transado com ele e ele disse: "apaixonar, não, que isso é pouca vergonha".
João - Uma vez o Ziraldo contou que, quando ele morreu, lá na Ilha Grande, todo mundo se apressou em fazer o enterro dele, e o corpo ficou enterrado lá mesmo, na Ilha Grande. Depois, quando abriram o diário dele, a primeira coisa que tava escrita era: "Quero ser enterrado na Lapa."
Risos novamente.
Raul - O Pasquim era muito bom, uma pena ter acabado. Eles eram brilhantes.
Barão - Caras brilhantes mesmo. Bons de humor e de protesto, cultos e talentosos. Contam que uma vez o Tarso de Castro foi preso, por ter escrito algo que os milicos consideravam subversivo, e aí o Jaguar foi à delegacia pra tirar ele da cadeia. Acabou ficando também.
Risos mais uma vez. Porém, depois dali, nada mais foi dito que despertasse o interesse do leitor.
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