O falecido Francisco Milani, além de grande humorista, era um excelente contador de histórias, dentre as quais vou narrar as três adiante, todas contadas no programa do Jô Soares.
A primeira se dá numa cidade do interior. O cômico disse que fora caminhoneiro e tivera um problema com o seu veículo. Então entrou num posto (ou oficina) onde só encontrou um homem negro, obeso, enorme, deitado numa cadeira com os pés sobre a mesa. Milani pediu ao homem ferramentas, uma, outra, e a cada pedido o sujeito, preguiçoso e pouco lhe dando atenção, apenas apontava-lhe onde encontrar os objetos, dizendo:
- Pega ali.
Após usar os utensílios necessários, Francisco se aproximou do homem e perguntou:
- Meu amigo, quanto eu te devo?
O homem,a inda pouco atencioso:
- Nada não.
Milani insistiu:
- Mas não é justo: eu usei suas ferramentas, mais isso e aquilo.
O outro, na mesma atitude:
- Não é nada não.
Como o então futuro artista insistiu, o homenzarrão acabou concordando:
- Vem cá, lindão! -e puxou a cabeça do ator de encontro à própria cabeça e sapecou-lhe na boca um vigoroso e bababado.
A segunda história se dá num teatro, onde meu aqui protagonista contracenava com Carlos Vereza, onde (ele, Milani) se vestia com farrapos e fazia o papel de um mendigo. Acontece que lá fora um trabalhador usava uma britadeira, e o Vereza foi até ele para reclamar do barulho. Nisto envolveu-se um policial militar na questão e começou uma discussão com Carlos (Vereza), que principiou a exasperar-se. Milani então colocou-se entre os dois para apaziguar, e o guarda lhe disse num tom ameaçador:
- Tá querendo o quê? Eu te conheço: tu é vagabundo, eu te meto na cadeia!
A terceira história se dá num velório. Morrera o irmão e sócio de um produtor de teatro, e o irmão vivo chorava inconsolavelmente à cabeceira do caixão:
- Como você foi fazer isso comigo, fulano? Por que você me deixou sozinho? E agora como vai ser?
Até que entrou uma mulher bonita na capela, e o choroso fixou nela os olhos e começou a murmurar:
- Eu conheço essa mulata... - depois seguiu a chorar: - E agora? como vai ser? Você me deixou sozinho? Meu Deus, como pode?! - e voltava a olhar a moça e murmurar: - Já comi essa mulata... Mas qual é o nome dela mesmo...? - voltava a chorar e a lamentar em voz alta, mas interrompia para sussurrar: - Já comi essa mulata... mas qual é o nome dela...? - voltou a chorar e a lamentar e ficou chorando, chorando, lamentando, lamentando, até que de repente gritou:
- Jandira, filha da puta!!!
Barão da Mata
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