O santo pastor Júlio César não-sei-das-quantas jura de pés juntos que Jesus ligou pro celular dele, pra confirmar a própria existência e que tava atento aos clamores de "altíssimo" servo do Senhor, além de valer-se do ensejo para despejar sobre o cultuador uma enxurrada de bênçãos.
Pois é, eu, por minha vez, passei uma vez por experiência semelhante, só que não com o Deus bíblico, mas com Zeus, supremo deus da Antiga Grécia. Clamei, clamei, clamei, e não é que o danadinho do celular tocou? Acontece que o ente grego não me deu bênção nenhuma, mas foi me jogando em cima um monte der esporros:
--Qual é, mané!? Com tanta deusa gostosinha pra pegar gostoso aqui no Olimpo, logo tu é que vem me encher o saco com teus implórios pra eu falar contigo!? -- e Zeus tinha uma voz arrastada de quem não tinha dormido a noite inteira. Provavelmente teria mais uma vez traído Hera com alguma beldade.
Tentei argumentar alguma coisa, mas ele foi intransigente e nem me deixou falar:
--Não foi à toa que eu mandei acorrentar o otário do Prometeu no alto da montanha pra que a águia comesse o fígado dele todos os dias. Ser humano só serve pra aporrinhar!
--Mas, Senhor! -- perguntei um tanto amedrontado -- Por que renegais assim a humanidade?
--Deixa de frescura! -- ele bronqueou, exasperado -- Fala na primeira pessoa do singular, porque não sou burro e te entendo, e nem sequer sou teu deus, mas deus dos gregos, e tu é Demóstenes, mas é brasileiro. Mas, só pra encerrar essa lenga-lenga, vou argumentar com uma pergunta: Se não existissem seres humanos, haveria Bolsonaro e seguidores? Haveria pastores inventando que falaram com Deus? Haveria negacionistas e terraplanistas? Haveria gente depredando Brasília e devastando o meio-ambiente? Precisa mais?! Decidi que não! Tchau!! Fui!!!! -- e bateu com o celular na minha cara.
Se ele tava certo não sei, mas posso dizer que foi a experiência mais divina da minha vida.
Barão da Mata
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