O homem de terno, tronco aprumado e postura elegante adentrou o trem do metrô na estação Carioca, viu que o vagão estava cheio, mas percebeu que um sujeito, refestadelado ,ocupava dois lugares na longarina.
Aproximou-se do outro e solicitou:
- Dê licença, por favor!
O outro o encarou com firmeza:
- Não dô licença, não!
- Como? - o de pé sentiu-se injuriado.
- É isso mesmo! Não dou licença, não!
- Quem o senhor pensa que é? - insistiu o de terno.
- Muito mais do que você imagina.
- O senhor sabe com quem está falando? - o de terno já se exasperava.
- E o senhor sabe com quem fala? - retorquiu o que estava escarrapachado.
- Não tenho a menor ideia.
- Pois é! Então saiba que eu sou o Rei da Cocada Preta! A Cocada Preta! Isso mesmo! Sou Rei da Cocada Preta!
- Mas que absurdo!
- Absurdo nada! O Reino da Cocada Preta é o país mais próspero da América Latina!
- Ora, meu senhor - foi-se afastando o homem das elegantes vestes - o senhor é louco! Vou para longe de sua vista para evitar causar-lhe algum prejuízo. Não tem ideia de quanto mal eu lhe poderia causar.
Depois, já distante, ficou a murmurar consigo mesmo:
- Rei da Cocada Preta... Que absurdo! Um homem com aspecto de pobre e tão mal trajado! Louco, só pode ser louco. - pensou durante alguns segundos e voltou a sussurrar para si: - Vou enviar uma mensagem de "whatsapp" a Josephine contando o que acabei de decidir. Esse homem é só um pobre diabo e um louco, mas deu-me o pretexto de que precisava para invadir o Reino da Cocada Preta, antes mesmo de me juntar ao meu exército em Waterloo.
Barão da Mata
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