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domingo, 4 de agosto de 2013

POEMA DE NÃO-AMOR

Quero fazer um poema que seja só não-amor.
Que não seja canto, mas silêncio;
que não seja perdão, mas ódio
calado,
velado
e mudo.

Quero fazer um poema que não olhe nos olhos da amada,
mas baixe a fronte,
jogando os próprios olhos
sem brilho
no chão.

Quero fazer um poema cheio de vazio,
que não afague,
mas ponha as mãos
cerradas
para trás.

Quero fazer um poema que nada expresse,
não faça gesto,
não olhe,
não sinta,
mantenha a boca
fechada,
trancada,
e o corpo
imóvel
tal como estátua
feita de pedra.

Barão da Mata

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