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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

MESA DE BOTEQUIM


Mesa de botequim, tu és muito mais ampla
Do que as dimensões em que te veem nossos olhos,
Porque comportas alegrias, ideais, tristezas
E as mais baratas e as mais fundas filosofias.
Mesa de botequim, tu és infinita.

Acolhes a dor mais profunda,
O desespero mais latejante
E a inquietude cansada dos vencidos,
Sendo a confidente dessas coisas todas
Que o peito da gente bem sabe sufocar.

Suportas, impassível, compreensiva,
O murro inflamado de veemência
Dos mais ardorosos convictos
E ainda vês as imagens dos devaneios
Dos que alimentam seus ideais.

És inteirada, bem-informada,
Sabes da política,  do futebol,
Da fome, da história, da violência...
Sabes de tudo, de todos, dos meros boatos,
De todas as coisas em todas versões.

És ainda lasciva como a proposta
O o acerto feito com a mulher impudica
Que sobre ti, seios à mostra, se debruça.

Mesa de botequim, és filosófica,
És culta, política, idealista,
És humana com mil sentimentos:
Mesa de botequim, tu és o mundo.

1980
Barão da Mata

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