Quando as caravelas de Cabral vieram dar no litoral da Bahia, o diabo veio junto, de carona, decidido a tornar a vida dos nossos indígenas um verdadeiro inferno. Tão logo chegou ao país, resolveu fazer uma caminhada mais para o interior, e foi andando, andando, até chegar ao planalto central, onde sentiu uma dor de barriga infernal. Era uma disenteria federal que o acometia! Sentindo-se mal, não fez cerimônia o tinhoso, e largou ali, bem ali, no centro do planalto central do Brasil, uma cagada gigantesca, que derramou-se de lá e se espalhou por todo o país.
Só assim conseguimos entender por que os políticos da nossa terra são tão sujos, abjetos, sórdidos e cruéis: eles são frutos de uma grande cagada do diabo.
BICHO DE 7 CABEÇAS
(Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha)
A melodia desta canção foi composta em parceria por Zé Ramalho e Gerando Azevedo, nos anos 70. Zé Ramalho possuía grande orgulho do arranjo instrumental que gravaram e colocou no seu disco "Zé Ramalho" de 1978. Algum tempo mais tarde, Geraldo entregou a melodia para o carioca Renato Rocha, que compôs os versos que resultaram no grande sucesso, aclamado como um dos hinos da geração "hippie", eternizado na voz do próprio Geraldo Azevedo.
Segundo Geraldinho, Zé Ramalho implicou de cara com a letra da música: `"É... realmente não tem pé nem cabeça" - teria dito o paraibano. Somente em 1997, em "O Grande Encontro 2", Zé Ramalho participou de um registro para a interpretação de Bicho de 7 Cabeças cantada.
A coisa é tão forte, que a pedido de Zé, a versão com letra passou a ser chamada de "Bicho de 7 Cabeças II" enquanto a primeira versão permaneceu intitulada "Bicho de 7 Cabeças". Com vocês, cinco incríveis e diferentes leituras para este grande sucesso da música brasileira.
Versão Zé Ramalho
Album: Zé Ramalho, 1978
Versão Geraldo Azevedo
Retirado do DVD "Uma geral do Azevedo", gravado ao vivo, em 2009.
Versão Ney Matogrosso
Retirado do Show realizado no SESC Itaquera em 2010
Versão Grande Encontro
Abum: O grande Encontro 2, 1997 - ao vivo
Versão Zeca Baleiro
Versão para o filme "Bicho de 7 Cabeças" de Laís Bodanzki, de 2001.
Um drama apaixonante! Um filme poético! Uma bela história de amor e de amizade. São todas definições que se aplicam ao filme "O Carteiro e o Poeta". Não é preciso dizer mais nada... Mas é fundamental assisti-lo. E não duvide se vir o menos romântico e o mais cascudo deste planeta suspirando juntos.
"O Carteiro e o Poeta" é originamente um livro escrito no início da década de 80 por Antonio Skarmeta. E ao contrário da maioria dos casos, o filme, de 1994, dirigido por Michael Radford, é tão bom quanto o livro. Não é preciso dizer mais nada... Mas podemos deixar o leitor mais intrigado ao contar que Massimo Troisi, o homem que escreveu o roteiro e interpretou esplendidamente o papel de carteiro, morreu exatamente 01 (um) dias após o término das filmagens.
A amizade que se forma entre o humilde e ingênuo Mario Ruppollo e o poeta Pablo Neruda é o foco principal desta produção. E para o expectador, resta um profundo lamento por não ser uma história verídica. O filme conta, ainda, com a execelente atuação de Philippe Noiret (de Cinema Paradiso) no papel do aclamado poeta chileno.
Apresentamos abaixo uma das belas cenas de "O Carteiro e o Poeta" e esperamos que todos os serguidores dos Pensadores de Birosca tenham o privilégio assistir ao filme completo. Não é preciso dizer mais nada...
Entre 2010 e 2011, Gracindo Júnior lançou uma produção em homenagem a pai, intitulada "Paulo Gracindo, O Bem Amado". Enquanto o filme esteve no cinema, não tive tempo de vê-lo, mas me mantive tranquilo, porque resolvi comprar o DVD para manter em meu acervo, uma vez que sempre fui fã em potencial do falecido ator. Pois foi, todavia, não ir ao cinema a grande trapalhada que cometi: não encontrei - pasmem! - o material nas locadoras e nem tampouco nas lojas que vendem CDs e DVDs. De onde só pude depreender uma coisa: morto em 1995 e pouco conhecido pela atual geração, não foi por excesso de procura que o filme não estava em prateleira nenhuma, mas exatamente pelo contrário. D'onde só pude chegar a uma conclusão : O BRA-SIL É IG-NO-RAN-TE PRA CA-RA-LHO !
É o fim da picada! Que diabo de país sem memória é este?! É uma heresia não conhecer ou não se interessar pela vida e obra de um ator da importância de Paulo Gracindo na história da dramaturgia brasileira. Essa gente confunde bunda, peito, músculos e volume de piroca com talento artístico e arte dramática. Francamente, é desolador!
Pois então, sem querer ficar aqui traçando uma biografia do ator, Paulo era Pelópidas Guimarães Brandão Gracindo, nascido em Alagoas, em 1911, e morto em 1995, portanto aos 84 anos, após representar inúmeros personagens com o brilho peculiar aos artistas de primeira grandeza. Formado em Direito e homem de educação refinada, não encontrou dificuldades para encarnar em "Bandeira 2" (1972) o banqueiro de bicho Tucão, sujeito de modos grosseiros e linguajar carregado de gírias e vícios de linguagem, perfeito boçal em quem você jamais veria a figura do gentil e simpático Paulo Gracindo. Em "O Cafona" (1971) faz um milionário em processo de falência, figura absolutamente antagônica à do bicheiro, que em nada se parecia com o contraventor.
Viveu um político demagogo em "O Bem Amado", história anedótica e primorosa de Dias Gomes (primorosa como todas as que o autor escreveu, inclusive "Bandeira 2"). Era então o prefeito Odorico Paraguassu, coronel baiano que , na falta de competência e de projeto político, canalizou todas as energias de sua administração para a construção e tentativa de inauguração de um cemitério.
Mas o seu papel que mais me impressionou foi o do coronel Ramiro Bastos, em "Gabriela", adaptação de George Walter Durst do romance "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado. Velho decrépito mas de atitudes vigorosas, de autoridade e maldade estampada no olhar, capaz de arrepiar de medo qualquer lavrador, jagunço, coronel ou cristão, fez do ator convincente a ponto de a gente ler em seu semblante a própria manifestação do mal.
Mas, entre os momentos que vi de Paulo Gracindo, o que mais me enlevou, mais me comoveu foi aquele em que, abraçado a Lima Duarte (outro talento que não tenho palavras pra definir), num dos intervalos das filmagens de "O Bem Amado", Lima lhe indaga como ele, Gracindo, conseguia conviver com a crueza de voltar ao cotidiano após deliciar-se de viver os seus personagens da ficção, ao que Paulo respondeu que tal não lhe acontecia por não viver a realidade, mas os seus personagens em sua ficção. Confesso que me comovi com aquilo, e percebi que Paulo Gracindo foi muito mais do que um grande ator: foi também uma criatura naturalmente poética, que produzia poesia através da sua própria existência, independentemente de escrever ou não um verso que fosse.
"E aquele que não crer em mim andará em estradas de espinhos e pedras, trilhará caminhos árduos e sinuosos, encontrará portas fechadas, tentará gritar e praguejar, mas se verá emudecido e solitário, sem mão que se lhe estenda e o resgate e encaminhe à salvação; terá como destino os infernos mais martirizantes, experimentará os infortúnios mais enlouquecedores, as dores mais lancinantes. Porque o meu poder é inquestionável e insubestimável, eterno e inabalável, o meu poder é supremo, e não imaginais as consequências de não vos renderdes a tamanha força." Luiz Inácio Lula da Silva
O DEPOIMENTO
"Não entendo por que tanta reserva em relação ao ex-presidente Lula: sempre achei sua conduta irretocável, irreparável, ontem e hoje, e nele creio de forma absoluta, achando-o perfeitamente inserido em meus princípios de boa moralidade. Em suma, acredito piamente nesse homem de que tanta gente duvida, pelo fato de nele não ver nada que me possa levar a uma opinião em contrário." Belzebu
Muito lisonjeiro esse meu sobrinho, o Leônidas Falcão. Encerra seu artigo sobre o Ednardo me dando vivas, quando na verdade é também grande merecedor de elogios, não só por estar, aqui, usando com maestria e brilhantismo suas gravuras, mas também por ser um cronista, poeta, escritor de um quilate além do que eu quis encontrar para o "Pensadores". É primoroso em suas colocações, extremamente talentoso em abordar os temas que escolhe, quer nas fotos ou desenhos como nos textos, onde tem tiradas extremamente inteligentes e oportunas.
Mi Guerra, nossa querida, também é de muito alto nível, dona de um sarcasmo muito semelhante ao que eu e Leônidas apresentamos, de modo que assim nós três formamos o perfil desejado para nossa página.
Não é, todavia, neste momento a minha intenção exaltar os queridos colegas deste blog, e sim corroborar e apoiar o que o Leônidas comentou a respeito do cantor que este homenageou (Ednardo).
É um crime não conhecer o Ednardo, não por parte dos que o desconhecem, mas dos veículos de comunicação, que o mantêm obscurecido ao longo dos decênios. E olhe que ele nunca falou mal da Globo e de nenhuma celebridade esdrúxula que a gente viu e vê por aí. Nem desceu o cacete em nenhum dos seis últimos presidentes da República. Como disse meu quase filho, é possível que possamos atribuir o seu desparecimento ao fato de não haver gravado Roberto Carlos ou com ele ou feito o o mesmo quanto aos outros artistas que o meu parente citou.
Quem ouviu as músicas lembradas no comentário do Leônidas, além de "Araguaia", "Na Asa do Vento", "A Manga Rosa", "Longarinas" e outras, jamais se esquecerá do cantor, e é lamentável que a geração que o cronista mencionou não tenha sido presenteada com a apresentação dos trabalhos do músico pela mídia.
Dia desses, conversava sobre música com uma roda que tinha, em média, seus trinta e poucos anos. Minha idade, por sinal. O papo ia bem, quando lembrei-me de Ednardo, cantor e compositor cearense de músicas como "Lagoa de Aluá", "Enquanto engomo a calça" e "Pavão Misterioso", e perguntei se gostavam os meus interlocutores do seu estilo.
Quem é ele? Foi a única coisa que obtive em resposta.Assobiei melodia, declamei letra e numa última tentativa, juntei as duas coisas. Algo impensável em condições normais, visto que sou muito consciente de minha falta de talento vocal. De nada adiantou. "Triste coincidência", eu pensei. Dentre tantas pessoas que gostam de música, nenhuma sequer conhecia Ednardo.
Nos dias seguintes, passei a perguntar a outras pessoas, cuja idade regulava com a minha, sobre o tal do Ednardo. Depois de gastar um tempo considerável nesta pesquisa insana, tenho um veredicto. Salvo raras excessões, minha geração, ao menos aqui no Rio de Janeiro, ignora a existência de Ednardo. Não se trata aqui de simplesmente exaltar a sua carreira. É, antes, uma constatação da falta de preservação da memória cultural do país. Algo que muitos denunciam e alguns se recusam a admitir.
É preciso compreender de uma vez por todas que, ainda que possa estar fortemente atrelada a determinado contexto histórico, a arte não tem idade. No caso de Ednardo, várias de suas composições não merecem desaparecer simplesmente. Ao contrário, deveriam ter a oportunidade de "estourar" novamente. A boa notícia é que elas não precisam desaparecer, diante da possibilidade que a Internet nos oferece para divulgarmos aquilo que julgamos relevante.
Quais teriam sido os pecados de Ednardo para alcançar este parcial ostracismo? Será que sua música é regional demais? Ou deveria ter gravado Peninha? Ou Roberto? Talvez adotar um sobrenome. Gil, Veloso, Guedes, ou Souza que fosse. Só Ednardo não cola. Mas e o Fagner, tem sobrenome por acaso? Não dá pra saber. Talvez os Pensadores de Birosca pudéssemos entrevistar Ednardo pra saber dele próprio, que por sinal, ainda aparece em alguns espetáculos ou fazendo participações especiais, principalmente no Nordeste.
O fato é que o cara emplacou música em novela das oito. Em 1976, Pavão Misterioso tocou no último capítulo de Saramandaia, durante o emblemático vôo de João Gibão! Era presença comum nos clipes do Fantástico, ainda em meados dos anos 70. Peraí, mas se eu nasci em 78, como posso saber dessas coisas? E se eu sei, porque os outros não sabem?
Ia dizer que não faço idéia, mas lembrei que tenho um tio Barão. Provavelmente, é por meu tio Barão que conheço Ednardo. Por isso, também sei que Francis Hime não é nome de gringo. Pelo mesmo motivo, já admirava o baião muito antes de Breno Silveira lançar o filme "Gonzaga". Graças a meu tio Barão, sei que Marcos Valle compôs "Viola Enluarada", uma década antes de decidir que tem que malhar e suar.
Ressuscitemos, então, Ednardo. E qualquer outro artista cuja obra que marcou a história dos mais antigos, tenha potencial e qualidade para agradar a qualquer geração. Abaixo, dois vídeos, garimpados do Youtube, para você de trinta e poucos não dizer mais que não sabe quem é. E viva Barão da Mata!
Nós, "os Pensadores de Birosca", nos sentimos envaidecidos com o fato de o Google+ ter vetado a publicação de inúmeros textos nossos, alegando que estes estavam em desacordo com a sua política (sem maiores explicações). Colocamos, entretanto, na mesma rede, o link de cada escrito omitido, e aí as pessoas clicam e podem lê-los diretamente no blog. Sem querer fazer dramas, isto nos lembra o tempo da ditadura militar, quando havia censura às instituições de comunicação social. Dizemos isto não porque achemos que hoje as circunstâncias sejam as mesmas, já que as redes sociais não são compelidas a vetar qualquer artigo, mas, muito pelo contrário, fazem-no voluntariamente, numa postura de autocensura e censura às nossas criações. Agora, quando falamos que estamos envaidecidos, é porque no tempo do autoritarismo só as celebridades tinham a divulgação de seus trabalhos proibida, e, nós, embora não as sejamos (celebridades), ao menos temos algo em comum com elas. Agradecemos também à citada rede (Google+) a oportunidade que nos deu de fazermos autopromoção Abraços a todos vocês, amigos de redes sociais.
Encontro dos Pensadores de Birosca Leônidas Falcão e Barão da Mata na Cobal do Humaitá. Promessa de 2013 com mais humor, política, literatura, cinema, tudo com muita opinião!